
LENDA dos ORIXÁS 1
OFERENDAS
Em épocas remotas os Orixás passaram fome. Às vezes, por longos períodos, eles não recebiam bastante comida de seus filhos que viviam na Terra.
Os Orixás cada vez mais se indispunham uns com os outros e lutavam entre si guerras assombrosas.
Os descendentes dos Orixás não pensavam mais neles e os Orixás se perguntavam o que poderiam fazer.
Como ser novamente alimentados pelos homens ?
Os homens não faziam mais oferendas e os Orixás tinham fome.
Sem a proteção dos Orixás, a desgraça tinha se abatido sobre a Terra e os homens viviam doentes, pobres, infelizes.
Um dia BARÁ pegou a estrada e foi em busca de solução. BARÁ foi até IEMANJÁ em busca de algo que pudesse recuperar a boa vontade dos homens.
IEMANJÁ lhe disse: "Nada conseguirás.
XAPANÃ já tentou afligir os homens com doenças, mas eles não vieram lhe oferecer sacrifícios.
IEMANJÁ disse: BARÁ matará todos os homens, mas eles não lhe darão o que comer.
XANGÔ já lançou muitos raios e já matou muitos homens, mas eles nem se preocupam com ele. Então é melhor que procures solução em outra direção.
Os homens não tem medo de morrer. Em vez de ameaçá-los com a morte, mostre a eles alguma coisa que seja tão boa que eles sintam vontade de tê-la. E que, para tanto, desejem continuar vivos.
BARÁ retornou o seu caminho e foi procurar ORUNGÃ.
ORUNGÃ lhe disse:Eu sei por que vieste.
Os dezesseis Orixás tem fome. É preciso dar aos homens alguma coisa de que eles gostem, alguma coisa que os satisfaça.
Eu conheço algo que pode fazer isso. É uma grande coisa que é feita com dezesseis caroços de dendê. Arranja os cocos da palmeira e entenda seu significado. Assim poderás conquistar os homens.
BARÁ foi ao local onde havia palmeiras e conseguiu ganhar dos MACACOS dezesseis cocos.
BARÁ pensou e pensou, mas não atinava no que fazer com eles.
Os MACACOS então lhe disseram: BARÁ, não sabes o que fazer com os dezesseis cocos de palmeira? Vai andando pelo mundo e em cada lugar pergunta o que significam esses cocos de palmeira. Deves ir a dezesseis lugares para saber o que significam esses cocos de palmeira. Em cada um desses lugares recolheras dezesseis ODÚS. Recolherás dezesseis histórias, dezesseis oráculos. Cada história tem a sua sabedoria, conselhos que podem ajudar os homens. Vai juntando os ODÚS e ao final de um ano terás aprendido o suficiente.
Aprenderás dezesseis vezes dezesseis ODÚS. Então volta para onde moram os Orixás .
Ensina aos homens o que terás aprendido e os homens irão cuidar de BARÁ.
BARÁ fez o que lhe foi dito e retornou ao Orun, o Céu dos Orixás .
BARÁ mostrou aos deuses os ODÚS que havia aprendido e os Orixás disseram: Isso é muito bom.
Os Orixás, então, ensinaram o novo saber aos seus descendentes, os homens.
Os homens então puderam saber todos os dias os desígnios dos Orixás e os acontecimentos do porvir. Quando jogavam os dezesseis cocos de dendê e interpretavam o ODÚ que eles indicavam, sabiam da grande quantidade de mal que havia no futuro. Eles aprenderam a fazer sacrifícios aos Orixás para afastar os males que os ameaçavam.
Eles recomeçavam a sacrificar animais e a cozinhar suas carnes para os deuses. Os Orixás estavam satisfeitos e felizes.
Foi assim que BARÁ trouxe aos homens o Ifá.
XANGÔ se casou com OBÁ em kossô entre uma conquista e outra.
Eles eram muito felizes no casamento, apesar do rei não poder ver um rabo de saia em sua frente.
Um dia XANGÔ viu OIÁ lavando roupas na beira do rio, e se apaixonou perdidamente por ela, a quem imediatamente propôs matrimônio.
Numa certa feita o galante senhor se deparou com a bela OXUM a se mirar cantando, com seu abebé de ouro, em cima de um rochedo na cachoeira, e se enamorou dela que veio a ser a terceira esposa.
As três viviam a tranco e barranco por causa de XANGÔ.
OBÁ comprou um cavalo branco belíssimo, e o ofereceu a XANGÔ que adorou.
Após, algum tempo XANGÔ partiu para a guerra e levou OIÁ na garupa deste cavalo .
OBÁ e OXUM esperavam pela volta de XANGÔ.
OBÁ muito triste resolveu procurar ORUMILÁ, que lhe disse que XANGÔ estava bem e vivendo feliz com OIÁ; ditando o seguinte ebó para trazer ele de volta para conviver as três juntas: deveria pegar um rabo de cavalo branco, novo e prepara-lo com alguns ingredientes e dependura-lo no teto da casa.
OBÁ conversou com OXUM que incumbiu o senhor BARÁ de executar o serviço ou seja: conseguir a cauda de cavalo.
Só que por orientação de OXUM o BARÁ foi atrás e pegou o rabo do cavalo branco do senhor XANGÔ sem que OBÁ suspeitasse de nada.
OBÁ recebeu a cauda e preparou o ebó dependurando a cauda no teto.
No terceiro dia XANGÔ chegou em casa abatido com a morte do seu cavalo branco.
Quase caiu para trás quando viu a cauda do cavalo dependurada no teto .
OXUM apressou-se em explicar que OBÁ era a responsável por tudo.
SEGURANÇA :
OIÁ queria XANGÔ só para ela, pois sofria quando ele saía.
Para impedir que XANGÔ saísse de casa, chamou os mortos a sua presença, e a casa de OIÁ ficou cercada de EGUNS, assim XANGÔ tornou-se prisioneiro de OIÁ.
Cada vez que ele tentava sair e abria a porta, os EGUNS vinham ao seu encontro chiando.
XANGÔ aterrorizado não saía a rua, um dia na ausência de OIÁ, OXUM foi visitar XANGÔ que lhe contou tudo. OXUM preparou uma garrafada com aguardente, mel, e pó de efum.
DESCOBERTA
Há quem diga que OIÁ foi namorada de OBALUAÊ e conseguiu que ele mostrasse o rosto sob as palhas.
Provocou um grande vento e o azê foi levantado.
Ficou surpresa por que o rosto de OBALUAÊ era belíssimo.
OBALUAÊ gosta muito de OIÁ e de sua espontaneidade desinteressada .
Ela é alegre, bonita, brejeira e generosa, muitas vezes OIÁ acompanha EUÁ em suas inúmeras viagens ao céu, rumo ao reino de OXUMARÊ, e em contrapartida OIÁ é acompanhada pela EUÁ no transporte dos espíritos do aiê ao orun.
OS FILHOS DO FAZENDEIRO
Havia na cidade do Oió um fazendeiro chamado Alapini, que tinha três filhos chamados Ojéwuni, Ojésamni e Ojérinlo.
Um dia Alapini foi viajar e deixou recomendações aos filhos para que colhessem os inhames e os armazenassem, mas que não comessem um tipo especial de inhame chamado ‘ihobia’, pois ele deixava as pessoas com uma terrível sede.
Seus filhos ignoraram o aviso e o comeram em demasia. Depois, beberam muita água e, um a um, acabaram todos morrendo.
Quando Alapini retornou, encontrou a desgraça em sua casa.
Desesperado, correu ao BABALAWÔ, que jogou Ifá para ele. O sacerdote disse que ele se acalmasse, e que após o l7º dia fosse ao ribeirão do bosque e executasse o ritual que foi prescrito no jogo.
Ele deveria escolher um galho da árvore sagrada chamada atori e fazer um bastão que é chamado ixan.
Na margem do ribeirão, deveria bater com o bastão na terra e chamar pelos nomes dos seus filhos, que na terceira vez eles apareceriam. Mas ele também não poderia esquecer de antes fazer certos sacrifícios e oferendas.
Assim ele o fez; seus filhos apareceram.
Mas eles tinham rostos e corpos estranhos; era então preciso cobri-los para que as pessoas pudessem vê-los sem se assustarem.
Pediu que seus filhos ficassem na floresta e voltou à cidade. Contou o fato ao povo, e as pessoas fizeram roupas para ele vestir seus filhos.
Deste dia em diante ele poderia ver e mostrar seus filhos a outras pessoas; as belas roupas que eles ganharam escondiam perfeitamente sua condição de mortos.
Alapini e seus filhos fizeram um pacto: em um buraco feito na terra pelo seu pai (ojubô), no mesmo local do primeiro encontro (igbo igbalé), ali seriam feitas as oferendas e os sacrifícios e guardadas as roupas, para que eles as vestissem quando o pai os chamasse através do ritual do bastão.
Seguindo o pacto e as instruções do babalao, de que sempre que os filhos morressem fosse realizado o ritual após o l7º dia, pais e filhos para sempre se encontraram.
E, para os filhos que ainda não tiverem roupas, é só pedir às pessoas que elas as farão com imenso prazer.
NO COMEÇO DO MUNDO
Um dia, no começo do mundo, dois homens, AKITE e AKULE, começaram a brigar muito por causa de uma fruta. A briga acabou por envolver os humanos, EGUNS, orixás, os animais.
No melhor da briga, chegou BARÁ.
Da maneira rápida e matreira tão própria dele, tirou do bolso um pó, misturou com terra e soprou na multidão.
Veio um temporal de vento, relâmpagos, trovões e chuva chamado ADARRUM, que ficou sendo o toque de guerra dos orixás.
Quando os orixás estão no orun e escutam o adarrum vem correndo para ver o que é que esta acontecendo na terra.
Naquele momento veio um raio e matou AKULE, e todos acharam que foi uma armadilha.
Veio uma pedrada e matou AKILE, e todos acharam que foi coisa feita.
Os iwins ficaram devastados com essa guerra, que aniquilou os habitantes da Terra.
Obatalá, chefe dos iwins, foi falar com seu pai OLOFIN, senhor do infinito, e contou tudo que se passara e passava.
OLOFIN se comoveu e, mandou chamar a árvore IROCÔ, única sobrevivente da espécie, e fez IROCÔ crescer. Quando chegou ao céu, OLOFIN lançou sobre ela uma nuvem branca, interrompendo o crescimento.
OLOFIN tirou um galho da árvore e entregou ao filho e disse que segurando aquele galho, feito um bastão, ele poderia voltar Terra.
Deu ao cajado o nome de opaxorô.
PREÇO DA TRAVESSURA
Iyewá KEMI , uma menina muita bonita e muito travessa morava numa aldeia, e desde o nascimento tinha sido prometida a EUÁ .
Sua vó, EUÁ TOSSI, era responsável pelo culto na aldeia e pela educação espiritual da menina.
Um dia a menina seria iyá IYEWÁ.
A menina tinha a péssima mania de imitar coisas e pessoas e punha-se a rir com a cara de espanto de todos.
Ela imitava muito bem principalmente o macaco.
Por ser bonita ria de quem era feio, sem perder a oportunidade de debochar da pessoa.
Durante muitos anos durante a festa de EUÁ a menina aprontava sempre situações constrangedoras para a sua avó.
Quando tinha CATORZE ANOS, quando ia para o festival viu um macaquinho todo vestido com as cores da orixá EUÁ e começou a imitá-lo, as companheiras imploraram para que parasse mas ela mais gritos estridentes dava.
Quando chegaram perceberam que a orixá não queria receber as oferendas.
Se manifestou no jogo, querendo que cada uma das filhas e das prometidas entrassem na camarinha uma a uma.
Quando chegou a vez da menina, assim que pôs os pés no recinto sagrado sentiu que o rosto se contorcia todo.
Pulava sem que quisesse, não conseguindo parar.
Começou a gritar por socorro, e muito mais quando viu que seu rosto se transformara num careta horrível, parecida com cara de macaco deformado.
No exato momento que ela viu o seu rosto, EUÁ ocupou a vó - a iya - e disse :“ há muito tempo você vem sendo advertida para parar com isto, sem que se corrija.
Como castigo, você vai ter que conviver com esta cara de macaco e não será mais iniciada ".
O macaco queria se casar e não tinha dinheiro, mas como era sabido, resolveu pedir a DÃ, cem cauris, obtendo sucesso.
Solicitou a mesma quantia a Kpo, e a ODÉ. Ficando estipulado o prazo de três meses para liquidar a dívida.
No dia estipulado todos foram cobrar ao macaco, que fez o que segue:
Mandou Dã esperá-lo no pé de IROCO às 20:00 horas.
Mandou Kpo esperà-lo no pé de IROCO às 20:30 horas.
Mandou Odé esperá-lo no pé de IROCO às 21:00hs, e a todos recomendou pontualidade.
No horário marcado Dã foi para o IROCO, cansado de esperar o macaco, acabou adormecendo. ÁS 20:30 Kpo chegou sem que visse a serpente. Começou a sentir sono e deitou no chão.
ODÉ se dirigiu para o IROCO no horário marcado. Lá chegando avistou Kpo e para sua surpresa o leopardo
estava dormindo.
ICÚ, todas as noites passa pelo pé de IROCO, surpresa levou todos para seu reino.
SÓ COM PERMISSÃO
Os AJÉS se tinham como o todos poderosos sobre os EGUNS fazia-os aparecer e desaparecer, obrigando-os a satisfazer todos os seus desejos sem o consentimento de OIÁ. Sabendo disto, OIÁ resolveu pregar uma peça nos ajés.
Vestiu-se de EGUM e saiu pela floresta. Vendo aquilo os ajés pegaram os ixãs e sairam em sua perseguição de repente OIÁ viu um buraco na terra e ali entrou.
Os ajés disseram: ele entrou por aqui e por aqui tem que sair. Ali ficaram até o anoitecer e quando, ao longe, ouviram o ilá de OIÁ perceberam no alto da montanha que ela tirava a roupa de EGUM. E desde daquele dia só com o consentimento de OIÁ pode-se fazer qualquer coisa para EGUN.
COROA da CABEÇA
Conta o mito que OIÁ estava trabalhando com OGUM, seu marido ferreiro, na oficina dele no dia dos ancestrais.
OGUM batia o ferro na bigorna enquanto OIÁ assoprava o fogo com o fole.
OIÁ alegre como sempre, trabalhava e produzia música.
Conseguindo involuntariamente atrair os EGUNGUNS para a porta da oficina.
OGUM ficou tão orgulhoso de OIÁ que tirou o próprio capacete da cabeça, ACORÔ, e ofereceu a OIÁ chamando-a acorô de minha cabeça.
CONTATO
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