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quarta-feira, 20 de julho de 2011

Lenda dos Orixás Oxaguiã

LENDA dos ORIXÁS




OXAGUIÃ



A VIAJEM

Oxaguiã veio ao Brasil viajando, montado num tronco de Iroco. No meio das águas do mar, encontrou Iemanjá Ogunté, e durante a viagem nasceu um filho: Ogunjá.



COMEDOR DE CACHORRO

Houve um tempo em que os orixás viviam do outro lado do oceano. Mas depois tiveram que vir para o lado de cá, para acompanhar seus filhos que foram trazidos como escravos. Assim vieram todos e assim veio Oxaguiã. Oxaguiã veio boiando na superfície do mar, navegando no tronco flutuante de uma árvore.
A travessia durou muito tempo, mais de um ano.
Foi nessa viagem que Oxaguiã conheceu Iemanjá, que era dona do próprio mar em que viajava Oxaguiã.
Logo se conheceram e logo se gostaram.
Oxaguiã era moço, forte, corajoso.
Iemanjá era mulher bonita destemida e sedutora.
Iemanjá engravidou de Oxaguiã e nove meses depois deu a luz à um menino, que já nasceu valente e forte, querendo guerrear.
Mais tarde chamaram o menino de Ogunjá, porque o guerreiro gostava de comer cachorro. Sempre que ia à guerra, a mãe o acompanhava e então todos a chamavam Iemanjá Ogunté.
Oxaguian, Ogunté e Ogunjá formam uma família de guerreiros.


COMEDOR-DE-INHAME-PILADO

Oxaguiã era o filho de Oxalufã. Ele nasceu em Ifé, bem antes de seu pai tornar-se o rei de Ifan.
Oxaguiã, valente guerreiro, desejou, por sua vez, conquistar um reino.
Partiu, acompanhado de seu amigo Awoledjê.
Oxaguiã não tinha ainda este nome.
Chegou num lugar chamado Ejigbô e aí tornou-se Elejigbô (Rei de Ejigbô).
Oxaguiã tinha uma grande paixão por inhame pilado, comida que os iorubás chamam iyan.
Elejigbô comia deste iyan a todo momento, comia de manhã, ao meio-dia e depois da sesta; comia no jantar e até mesmo durante a noite.
Ele recusava qualquer outra comida, era sempre iyan que devia ser-lhe servido.
Chegou ao ponto de inventar o pilão para que fosse preparado seu prato predileto.
Impressionados pela sua mania, os outros orixás deram-lhe um cognome: Oxaguiã, que significa Orixá-comedor-de-inhame-pilado, e assim passou a ser chamado.
Awoledjê, seu companheiro, era babalaô, um grande adivinho, que o aconselhava no que devia ou não fazer. Certa ocasião, Awoledjê aconselhou a Oxaguiã oferecer: dois ratos de tamanho médio; dois peixes, que nadassem majestosamente; duas galinhas, cujo fígado fosse bem grande; duas cabras, cujo leite fosse abundante; duas cestas de caramujos e muitos panos brancos.
Disse-lhe, ainda, que se ele seguisse seus conselhos, Ejigbô, que era então um pequeno vilarejo dentro da floresta, tornar-se-ia, muito em breve, uma cidade grande e poderosa e povoada de muitos habitantes.
Depois disso Awoledjê partiu em viagem a outros lugares. Ejigbô tornou-se uma grande cidade, como previra Awoledjê.
Ela era rodeada de muralhas com fossos profundos, as portas fortificadas e guardas armados vigiavam suas entradas e saídas.
Havia um grande mercado, em frente ao palácio, que atraía, de muito longe, compradores e vendedores de mercadorias e escravos.
Elejigbô vivia com pompa entre suas mulheres e servidores.
Músicos cantavam seus louvores.
Quando falava-se dele, não se usava seu nome jamais, pois seria falta de respeito. Era a expressão Kabiyesi, isto é, sua majestade, que deveria ser empregada.
Ao cabo de alguns anos, Awoledjê voltou.
Ele desconhecia, ainda, o novo esplendor de seu amigo. Chegando diante dos guardas, na entrada do palácio, Awoledjê pediu, familiarmente, notícias do Comedor-de-inhame-pilado.
Chocados pela insolência do forasteiro, os guardas gritaram:
Que ultraje falar desta maneira de Kabiyesi! Que impertinência! Que falta de respeito!
E caíram sobre ele dando-lhe pauladas e cruelmente jogaram-no na cadeia.
Awoledjê, mortificado pelos maus tratos, decidiu vingar-se, utilizando sua magia. Durante sete anos a chuva não caiu sobre Ejigbô, as mulheres não tiveram mais filhos e os cavalos do rei não tinham pasto.
Elejigbô, desesperado, consultou um babalaô para remediar esta triste situação.
-Kabiyesi, toda esta infelicidade é conseqüência da injusta prisão de um dos meus confrades.
É preciso soltá-lo, Kabiyesi! É preciso obter o seu perdão!
Awoledjê foi solto e, cheio de ressentimento, foi-se esconder no fundo da mata. Elejigbô, apesar de rei tão importante, teve que ir suplicar-lhe que esquecesse os maus tratos sofridos e o perdoasse.
Muito bem! - respondeu-lhe. Eu permito que a chuva caia de novo, Oxaguiã, mas tem uma condição: Cada ano, por ocasião de sua festa, será necessário que você envie muita gente à floresta, cortar trezentos feixes de varetas.
Os habitantes de Ejigbô, divididos em dois campos, deverão golpear-se, uns aos outros, até que estas varetas estejam gastas ou quebrem-se.




DA DISCORDIA AO PROGRESSO

Olodumare dividiu com seus filhos orixás a difícil incumbência de governar o mundo.
Ajagunã também teve seu encargo, seu posto, seu oiê.
Foi-lhe destinado o domínio do progresso.
Mas, em vez do progresso, ele plantou o conflito, a discórdia e a revolução.
Com ele a humanidade conheceu de perto a revolução.
Por vontade de Ajagunã, a discórdia se fez entre homens e nações.
Governando um grande território africano, Ajagunã guerreava sempre com seus vizinhos.
Mas os vizinhos iam a Olofim-Olodumare e protestavam pela agressividade de Ajagunã.
Diante de tantos protestos, o Ser Supremo chamou e o repreendeu por seus exageros.
Ajagunã contestou dizendo que seu pai vivia confortavelmente, sempre sentado na mesma cômoda posição, não se dando conta do furor transformador que a discórdia de Ajagunã gerava na terra.
Ajagunã seguiu guerreando pelo mundo, fazendo do cotidiano dos povos um pandemônio, alastrando a arruaça, o tumulto, a balbúrdia e o litígio.
Até que um dia Olofim tirou-lhe o reino e o baniu para um distante continente.
No exílio, Ajagunã encontrou um povo que vivia em paz e isso enlouqueceu Ajagunã.
Rapidamente criou a discórdia entre aquelas tribos e a guerra instalou-se no país.
Tanta guerra fez que ela voltou a se espalhar mundo afora.
Olodumare, alarmado, chamou o filho e pediu-lhe que repensasse sua forma de agir.
Ajagunã disse-lhe que a discórdia era necessária para o progresso, somente daquela forma o ser humano criaria anseios de crescer e conquistar novos caminhos.
Sim, ele estava exercendo a função que o pai lhe atribuíra, defendeu-se.
O Supremo Criador aceitou as explicações de Ajagunã.
O mundo continuou a guerrear.
O mundo continuou a progredir.
Ajagunã não pára nem para descansar.




MUITOS AMORES

Embora tenha sido esposa de Xangô, Iansã percorreu vários reinos e conviveu com vários Reis.
Foi paixão de Ogum, Oxaguiã e de Bará.
Conviveu e seduziu Odé, Logunedé e tentou em vão relacionar - se com Obaluaê.
Iansã percorreu vários Reinos usando sua inteligência, astúcia e sedução para aprender de tudo e conhecer igualmente tudo.
Em Irê, terra de Ogum foi a grande paixão do Guerreiro. Aprendeu com ele o manuseio da espada e ganhou deste o direito de usá-la.
Depois partiu e foi para Oxogbo, terra de Oxaguiã. Com ele aprendeu o uso do Escudo para se defender de ataques inimigos e recebeu o direito de usá-lo.
Depois partiu e nas estradas deparou-se com Bará. Com ele aprendeu os mistérios do fogo e da magia.
No reino de Odé, seduziu o deus da Caça, e aprendeu a caçar, a tirar a pele do búfalo e se transformar naquele animal com a ajuda da magia aprendida com Bará.
Seduziu Logunedé e com ele aprendeu a pescar.
Foi para o Reino de Obaluaê, pois queria descobrir seus mistérios e conhecer seu rosto.
Lá chegando, insinuou-se. Mas muito desconfiado, Obaluaê perguntou o que Oia queria e ela respondeu:
-queria ser sua amiga.
Então, fez sua dança dos ventos, que já havia seduzido vários reis.
Contudo, sem emocionar ou sequer atrair a atenção de Obaluaê.
Incapaz de seduzi-lo, Iansã procurou apenas aprender, fosse o que fosse. Assim dirigiu-se ao homem da palha:
-Aprendi muito com os outros Reis, mas só me falta aprender algo contigo.
- Quer mesmo aprender, Oia? Vou te ensinar a tratar dos Mortos.
Venceu seu medo com sua ânsia de aprender e com ele descobriu como conviver com os Eguns e a controlá-los. Partiu então para o Reino de Xangô, pois lá acreditava que teria o mais vaidoso dos reis e aprenderia a viver ricamente. Mas ao chegar ao reino do rei do trovão, Iansã aprendeu mais do que isso, aprendeu a amar verdadeiramente e com uma paixão violenta, pois Xangô dividiu com ela os poderes do raio e deu à ela seu coração.




O CASTELO DE OGUN

Oxaguiã, jovem filho guerreiro de Oxalá, acompanhava Ogun pela terra em suas guerras.
Aproveitava de toda ocasião em que a guerra criava destruição para reconstruir no lugar algo maior e mais próspero. Assim espalhou pelo mundo prosperidade, sem descanso, obrigando todos a trabalhar e progredir.
Onde via preguiça, inspirava movimento e crescimento. Um dia, entre uma batalha e outra, Oxaguiã foi à cidade de Ogun para buscar provisões e encontrou um castelo que acabava de ser construído pelo povo do lugar em oferecimento a Ogun.
Oxaguiã perguntou ao povo: Que vão fazer agora que terminaram de construir o castelo do seu rei?
Descansar, eles responderam.
Oxaguiã retrucou: O seu rei ainda demora a voltar; vocês devem aproveitar deste tempo de maneira melhor. Construam um castelo ainda melhor e encham de alegria o seu rei.
Sacou da espada e com um toque empurrou a parede do castelo, que ruiu todo.
Oxaguiã voltou para a guerra, e o povo pôs-se a construir um castelo ainda melhor.
O tempo passou e Oxaguiã voltou à cidade de Ogun em busca de mais provisões.
Encontrou lá um castelo ainda maior e melhor do que o que tinha derrubado. Semelhante diálogo se travou. Oxaguiã perguntou ao povo: Que vão fazer agora que terminaram o castelo do seu rei?
-Vamos descansar, eles responderam.
Oxaguiã interrogou:
Como tinha feito antes, sacou da espada e com um toque derrubou o castelo. E partiu para guerra, voltando sempre em busca de novas provisões. Tantas vezes isto aconteceu que o povo do lugar se transformou em um povo de grandes construtores, desenvolvendo engenharia e arquitetura soberba, reconhecida mundialmente. Oxaguiã promove o progresso. Não gosta de ver ninguém parado.



O PILÃO

Oxalá, rei de Ejigbô, vivia em guerra, ele tinha muitos nomes, uns o chamavam de Elemoxó, outros de Ajagunã, ou ainda Aquinjolê, filho de Oguiriniã. Gostava de guerrear e de comer, gostava muito de uma mesa farta, comia caracóis, canjica, pombos brancos, mas gostava mais de inhame amassado, jamais se sentava para comer se faltasse inhame.
Seus jantares estavam sempre atrasados, pois era muito demorado preparar o inhame, Elejigbô, o rei de Ejibô, estava assim sempre faminto, sempre castigando as cozinheiras, sempre chegando tarde para fazer a guerra.
Oxalá então consultou os babalaôs, fez oferendas a Bará e trouxe para humanidade uma nova invenção.
O rei de Ejigbô inventou o pilão e com o pilão ficou mais fácil preparar o inhame e Elejigbô pôde se fartar e fazer todas as suas guerras.
Tão famoso ficou o rei por seu apetite pelo inhame que todos agora o chamam de Orixá Comedor de Inhame Pilado, o mesmo que Oxaguiã na língua do lugar.



O SOPRO

Oxaguiã estava em guerra, mas a guerra não acabava nunca, tão poucas eram as armas para guerrear.
Ogun fazia as armas, mas fazia lentamente.
Oxaguiã pediu a seu amigo Ogun urgência, mas o ferreiro já fazia o possível.
O ferro era muito demorado para se forjar e cada ferramenta nova tardava como o tempo.
Tanto reclamou Oxaguiã que Oiá, esposa do ferreiro, resolveu ajudar Ogun a apressar a fabricação.
Oiá se pôs a soprar o fogo da forja de Ogun e seu sopro avivava intensamente o fogo e o fogo aumentado de calor derretia o ferro mais rapidamente.
Logo Ogun pode fazer muitas armas e com as armas Oxaguiã venceu a guerra.
Oxaguiã veio então agradecer Ogun.
Na casa de Ogun enamorou-se de Oiá.
Um dia fugiram Oxaguiã e Oiá, deixando Ogun enfurecido e sua forja fria. Quando mais tarde Oxaguiã voltou à guerra e quando precisou de armas muito urgentemente, Oiá teve que voltar a avivar a forja.
E lá da casa de Oxaguiã, onde vivia, Oiá soprava em direção à forja de Ogun.
E seu sopro atravessava toda a terra que separava a cidade de Oxaguiã da de Ogun.
E seu sopro cruzava os ares e arrastava consigo pó, folhas e tudo o mais pelo caminho, até chegar às chamas com furor atiçava.



PRISIONEIRO ILUSTRE

Oxalufã vivia com Oxanguiã em seu reino, como sentia-se muito velho e próximo o seu fim, resolveu visitar seu outro filho, Xangô.
Como de costume antes de viajar Oxalufã consultou com Babalaô, que desaconselhou a viagem, dizendo que havia risco de morte.
Oxalufã não se intimidou e quis uma solução, quer seja através de oferenda ou procedimento.
O Babalaô, fez as oferendas e recomendou que durante a viagem não poderia recusar a ninguém o menor serviço, durante todo o trajeto e jamais se queixar.
No caminho Oxalufã encontrou três vezes o Bará que lhe pediu sucessivamente para ajudá-lo a carregar na cabeça uma barrica de azeite-de-dendê, uma carga de carvão e outra de óleo de amêndoas, as três vezes Bará derramou o conteúdo sobre o velho.
Mas Oxalufã, sem se queixar, continuava a caminhada.
Penetrando, finalmente no reino de Xangô avistou o cavalo deste, que tinha fugido, e, capturou-o para devolver ao proprietário Xangô.
Mas os servidores pensaram que Oxalufã era um ladrão, julgando-o pelo aspecto sujo de dendê, carvão e óleo, caíram sobre ele, quebram-lhe braços e pernas à pauladas atirando-o finalmente numa prisão.
Nela permaneceu Sete anos.
O reino de Xangô virou em caos. As mulheres tornaram-se estéreis, as colheitas minguaram.
Xangô triste e aflito buscou ajuda consultando um Babalaô , este revelou que todas as desgraças provinham do fato de um inocente estar sofrendo injustamente na prisão.
Xangô ordenou que os prisioneiros comparecessem diante dele, reconhecendo seu pai.



SEM CABEÇA

Um dos mitos diz que Oxaguiã nasceu apenas de Obatalá. Não teve mãe. Nasceu dentro de uma concha de caramujo. E quando nasceu, não tinha cabeça, por isso perambulava pelo mundo, sem sentido.
Um dia encontrou Ori numa estrada e este lhe deu uma cabeça feita de inhame pilado, branca.

Apesar de feliz com sua cabeça ela esquentava muito e quando esquentava Oxaguiã criava mais conflitos e sofria muito. Foi quando um dia encontrou a morte, iku, que lhe ofereceu uma cabeça fria. Apesar do medo que sentia, o calor era insuportável, e ele acabou aceitando a cabeça preta que a morte lhe deu. Mas essa cabeça era dolorida e fria demais.
Oxaguiã ficou triste, porque a morte com sua frieza estava o tempo todo acompanhando o Orixá. Foi então que Ogum apareceu e deu sua espada para Oxaguiã, que espantou Iku. Ogum também tentou arrancar a cabeça preta de cima da cabeça de inhame, mas tanto apertou que as duas se fundiram e Oxaguiã ficou com a cabeça azul, agora equilibrada e sem problemas.
A partir deste dia ele e Ogum andam juntos transformando o mundo.

Oxaguiã depositando o conflito de idéias e valores que mudam o mundo e Ogum fornecendo os meios para a transformação, seja a tecnologia ou a guerra.



Um comentário:

  1. Interesante,queria saber um pouco sobre qualiadades de orixas
    pois falam poucos sobre o assunto
    forte abraço

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