Bom dia

Bom dia

Relógio

Peregrino na Estrada da Vida

Peregrino na Estrada da Vida
Peregrino na Estrada da Vida

Facebook

Facebook
Facebook Rakaama

Twitter

Twitter
@Pjrakaama

Pode copiar

Pode copiar

terça-feira, 29 de abril de 2014

Batuque no Rio Grande do Sul

MISSIVA DO PEREGRINO

        









BATUQUE NO RIO GRANDE DO SUL

R-466-K-M-E-M
Retrocedendo no tempo, na geografia, cultura e religiosidade na Africa, mesclando a atualidade poderemos com mais facilidade entender a religião dos orixás, macumbas, xangôs, e claro o batuque do sul do país brasileiro, bem como alguns países latinos.
Então teríamos na altura do Golfo de Benin, onde encontraremos ao Sul os Bantos, que cultuavam além dos Orixás os espíritos dos antepassados mortos, considerando que em Benguela, na Angola, existia um culto chamado de "orodere" semelhante ao conhecido "espiritismo", se compararmos hoje, a religião que cultua Orixás e espíritos de antepassados é a Umbanda, com seus pretos-velhos, caboclos e Orixás.

Já ao Norte encontramos , os negros Sudaneses, que cultuavam os Orixás como os meios de ligação entre os homens e o Deus maior, Olorum, características da Nação, Batuque.
Para o Rio Grande do Sul desceram os negros da Costa da Guiné ou Nigéria, com suas Nações: Jeje, Ijexá, Oyó e Nagô.
Óbvio que nos navios, a escolha de ficar juntos aos demais de sua tribo, família ou amigos, não pertencia aos negros, estes eram misturados, havendo assim uma união de nações, destacando-se suas peculiaridades.
Nascendo assim outras nações: Jeje-Ijexá, Jeje-Oyó, Jeje-Nagô, e assim por diante.
Esta questão já está dimensionada desde os anos 50, nas pesquisas etnográficas de Roger Bastide sobre a Religião Africana no Rio Grande do Sul.
São consideradas religiões Afro-Brasileiras, todas as religiões que tiveram origem nas religiões africanas, que foram trazidas para o Brasil pelos escravos.
Batuque, Candomblé, Catimbó, Culto aos Egungun, Culto de Ifá, Jurema sagrada, Quibanda, Macumba ,Tambor-de-Mina, Umbanda Xangô do Nordeste, Xambá.
As Religiões Afro-Brasileiras são relacionadas com a Religião Yorubá e outras Religiões africanas, e diferentes das Religiões Afro-Caribenhas como a Santeria e o Vodu.
Documentos centenários mostram que na cidade onde moro, Rio Grande foi através do porto a entrada oficial de negros no Estado, principalmente escravos nativos da Costa da Mina.

Faço uma “a parte” sobre um célebre negro importante no batuque, ”Príncipe Custódio“

“....Por qual motivo o exilado escolheu o Brasil, não se sabe. Talvez por haver aqui grande número de descendentes dos escravos nativos da Costa da Mina - os chamados "pretos-mina" - ou outra qualquer razão.
A sua chegada ao país foi assinalada como tendo acontecido em 1864, dois anos depois de ter deixado Ajudá. Inicialmente, fixou-se em Rio Grande.
Mais tarde, foi para o interior de Bagé, onde ficou conhecido por manter viva a tradição religiosa do seu povo - com a prática do que agora se conhece como Batuque - além de mostrar conhecimentos das propriedades curativas da flora medicinal brasileira, atendendo a muita gente doente que o procurava, tratando de minorar-lhes os males por meio de ervas e rezas dos ritos africanos.”
..continuo... mas não apenas os pretos minas, mas uma grande quantidade de negros livres, na maioria nordestinos, podendo observar que existe algumas semelhanças entre o Batuque e o Xangô de Pernambuco, onde os rituais aos orixás são em verdade os mais ligados a antiguidade bem como os sacerdotes são os que mais procuram seguir ritos organizados, fortalecendo a casta sacerdotal.
O Batuque é um culto afro-brasileiro, por que não dizer afro-gaúcho, com influência sudanesa, onde são cultuados entre 12 a 16 Orixás.
Os Orixás são espíritos naturais, a própria encarnação da natureza, que se utilizam dos filhos-de-Santo para se manifestar na terra, trazendo suas características sob influência da Mãe Natureza.
No Batuque, os rituais são exclusivamente aos Orixás.
Algumas regras são unanimidade, como podemos observar até nas lendas dos orixás, dentre elas observa-se que o orixá Bará é sempre o  homenageado antes de qualquer outro, e encontra-se seu assentamento em todos os barracos.
O candomblé, onde existe mais mistura de entidades e orixás chamam de Exú o que no Batuque é Bará, no entanto existe pontos que o diferenciam desde o seu assentamento, ebós, finalidades e elementos de ligação, já que no Batuque Bará tem a mesma posição dos demais orixás, com suas atribuições específicas, talvez a única situação idêntica seja que tanto no batuque como no candomblé ele seja sempre o primeiro a ser chamado, homenageado e claro responsável pela ligação entre o mundo material e espiritual.
Como sempre faço questão de salientar e até para mostrar a não necessidade de estar atrelado a igreja católica, embora atualmente com algumas mudanças, políticas é claro, (não precisa ter comprovado 2 milagres para ser consagrado santo...), mas que exerciam influência, como creditar a alguns  orixás mais poder que a outros.

Não existe um orixá mais importante do que o outro, eles simplesmente se completam cada um com determinadas funções dentro do culto.
Temos então uma relação que praticamente é unanimidade:
 Estes Orixás são:
  Bará.
  Ogum.
  Oiá-Iansã.
  Xangô.
  Odé- Otim.
  Oba.
  Omulu-Obaluaiê.
  Nanã.
  Ossaim.
  Odé.
  Oxum.
  Oxumarê
  Iemanjá.
  Oxalá.
  Erês.
Poderíamos dividir essas entidades também como do mel e do dendê.
Mas o que é mais importante é que em cada entidade existe várias outras agrupadas, subgrupos identificados em alguns Orixás com o primeiro nome, seguido de um segundo, como por exemplo:
Bará: Bará Legba, Bará Lodê, Bará Lanã, Bará Adaqui e Bará Agelú...
Ogum: Ogum Avagã, Ogum Onira, Ogum Olobedé e Ogum Adiolá...
Iansã: Iansã, Oiá Timboá e Oiá Dirã...
Xangô: Xangô Agandjú de Ibedji, Xangô Agandjú e Xangô Agogô...
Obaluaiê: Xapanã Jubeteí, Belujá, Sapatá
Oxum: Oxum Pandá de Ibedji, Oxum Pandá, Oxum Demun, Oxum Olobá e Oxum Docô...
Iemanjá: Iemanjá Bocí, Iemanjá Bomí e Nanã Borocum
Oxalá: Oxalá Obocum, Oxalá Olocum, Oxalá Dacum, Oxalá Jobocum e Oxalá de Orumiláia...
Estes segundos nomes dos Orixás identifica a atuação deles no contato com o humano desde sua manifestação como sua forma de atuação.
Existe ainda um terceiro nome que cada Orixá identifica no jogo de Búzios, este nome passa a ser a identificação secreta, que cabe apenas ao Pai-de-Santo, ao filho e ao Orixá obviamente, ficando o Orixá com três nomes: como por exemplo Iansã Obilaia Bola, este terceiro é o segredo.
Os Orixás que não possuem a subdivisão, o segredo passa a ser o segundo nome, exemplo: Ossanha Egué.
Assim como nomes, cada Orixá tem seu tipo de ebó, ave, seu tipo de animal de quatro patas e seu tipo de oferenda, vinculado ao sua atividade no contexto funcional e social.
Todo ser humano nasce sob a influência de um Orixá, e em sua vida terá as vibrações e a proteção deste Orixá que está naturalmente vinculado e rege seu destino, com características individuais, em que o Orixá exige sua dedicação, onde este poderá ser um simples colaborador nos cultos, ou até mesmo se tornar um Babalorixá ou Iyalorixá.
O batuque é uma religião onde se cultuam vários Orixás, e seus nomes são oriundos de várias partes da África, e suas forças estão em parte dentro dos terreiros, onde permanecem seus assentamentos e na maior parte na natureza: rios, lagos, matas, mar, pedreiras, cachoeiras etc., onde também invocamos as vibrações de nossos Orixás.
No Batuque também temos a parte dos rituais destinados ao culto dos Eguns.
Este é um ritual cheio de magia e segredos onde poucos sacerdotes têm o completo domínio.
A casa dos Eguns, espíritos dos mortos que na maioria foram iniciados no culto, tendo portanto conhecimento, fica  separada dos orixás, onde são feitos diversas obrigações em determinadas datas e quando morre alguém ligado ao terreiro, este local é denominado Balê.

Aos Eguns também são oferecidos sacrifícios de animais, e comidas diversas que fazem parte somente deste ritual, não podendo ser usados em outras ocasiões.
Os Eguns, assim como os Orixás, tem suas rezas próprias, feitos na linguagem yorubá, e em dias de obrigações recebem toques ao som de tambores frouxos e sem o acompanhamento de agê, instrumento feito com uma cabaça inteira trançada com cordão e contas diversas, esse ritual não é muito comum no Batuque e sim mais no candomblé ou em casa que chamam de “cruzada”, tendo o acesso limitado a olhares outros.
Cada nação, cada casa tem rituais diferentes para este tipo de obrigação. 
No Rio Grande do Sul o batuque, os templos terreiros são quase que em sua totalidade vinculados as casas de moradia.
É destinado um cômodo, geralmente na parte da frente da construção onde são colocados os assentamentos dos Orixás.
Neste local são feitos todos os fundamentos de matanças e trabalhos determinados, oferendas para os Orixás, e o local é considerado sagrado, pessoas vestidas de preto, mulheres em dias de menstruação não entram, também o estado febril tanto de homens como de mulheres.
Junto à esta parte da casa, chamada de quarto de Santo ou Peji, há o salão onde são realizadas as festas para os Orixás.
O estado do Rio Grande do Sul foi e ainda é o maior responsável pela exportação dos rituais africanos para outros países da América do Sul, entre eles Uruguai, Paraguai e Argentina, que também procuram seguir a maneira de cultuar os Orixás, e a construção dos templos seguem exemplos dos seus sacerdotes.
Dentro de uma Casa de Religião encontramos uma verdadeira família, como as de padrão convencional.
Em primeiro lugar encontramos o Pai ou Mãe-de-Santo, posição máxima, esta pessoa que através das ordens do seu Orixá de cabeça, organiza e aconselha a vida religiosa e muitas vezes material de seus filhos-de-santo, que são irmãos entre si, os irmãos-de-santo do Pai ou da Mãe, são os tios e assim por diante, como em nossa família.
Todos os Orixás são montados com ferramentas, Okutás,otás,pedras. etc., e permanecem dentro da mesma casa, com exceção do Bará Lodê e do Ogum Avagã, que tem seus assentamentos numa casa separada, ficando à frente do templo onde recebem suas oferendas e sacrifícios.Muito embora essa prática esteja também sendo alterada eas entidades manipuladas ficam juntas com as demais dentro do peji.
A casa dos Eguns também tem lugar definido, é uma construção separada da casa principal, na parte dos fundos do terreiro, onde são feitos diversos rituais.
Em caso de falecimento do Babalorixá ou Iyalorixá, dono do terreiro, fica a critério da família o destino do templo, geralmente não tendo um familiar que possa suceder o morto o templo é fechado.
Na maioria dos casos na morte de um sacerdote, todas as obrigações são despachadas num ritual especifico chamado de Axexê, por este motivo é muito difícil encontrar ilês com mais de 60 anos, são muito poucos os sacerdotes que destinam seus axés à um sucessor, para dar prosseguimento à raiz.

O babalorixá ou Iyalorixá tem a responsabilidade de formar novos sacerdotes, que darão continuidade aos rituais. Para isto é preciso preparar novos filhos de santo, que durante um certo período de tempo aprenderão todos os rituais para preservação dos cultos.
O sacerdote chefe deve passar aos futuros Pais ou Mães de Santo, todos os segredos referente aos rituais tais como: uso das folhas folhas sagradas, execução de trabalhos e oferendas, interpretação do jogo de búzios, e até mesmo como preparar um novo sacerdote.
Geralmente o futuro sacerdote já nasce no meio religioso, onde conviverá acompanhando todos os diversos rituais que darão suporte a seus afazeres dentro do culto, e terá pleno conhecimento de todos os tipos de situações que enfrentará em seu futuro templo.
O tempo de aprendizado é longo, não se forma um verdadeiro sacerdote de Orixás com menos de sete anos de feitura, e os ensinamentos são passados de acordo com a evolução da capacidade de aprendizado que o noviço tem, já que os ensinamentos são feitos oralmente, não há livros para ensinar os rituais, a melhor maneira de aprender tudo é conviver desde cedo dentro dos terreiros.
O Orixá sem ser em festas ou obrigações (rituais) que veremos a seguir, se comunica com seus fiéis através do Ifá ,no jogo de Búzios, utilizando as mãos e intuição de um pai ou mãe-de-santo.
O jogo de Búzios é a principal, eficaz e mais rápida ferramenta, de sabermos sobre o mundo, necessidades de homens e dos próprios Orixás, a fim de melhorar o andamento das coisas.
Toda pessoa ao nascer recebe um Orixá na cabeça, outro no corpo, este casamento de Orixás, da cabeça com o corpo, denominamos de Adjuntó, e em alguns casos nas pernas, pés e assim por diante, este Orixá é visualizado quando é jogado os búzios pelo Pai-de-Santo, que também ficará sabendo, normalmente neste jogo, se esta pessoa necessitará fazer alguma obrigação religiosa ou apenas um simples trabalho, não tendo que se comprometer mais a fundo com a Religião.
A principal característica do ritual do Batuque é o fato do iniciado não poder saber em hipótese alguma que foi possuído pelo seu Orixa, sob pena de ficar louco.
Cada Babalorixá ou Iyalorixá tem autonomia na prática de seus rituais, não existem nomenclaturas de cargos como tem no Candomblé, exercem plenos poderes em seus ilês. Os filhos de santo se revezam nos cumprimentos das obrigações.
No mínimo uma vez por ano são feitos homenagens com toques para os Orixás, mas as festas grandes são de quatro em quatro anos. Chamamos de festa grande a obrigação que tem ebó, ou seja quando há sacrifícios de animais de quatro patas aos Orixás, cabritos, cabras, carneiros, porcos, ovelhas, acompanhados de aves como galos, galinhas e pombos.
Mas este ritual também depende de cada Zelador.
Normal hoje em dia não executar matanças por qualquer motivação.
Esta obrigação serve para homenagear o Orixá "dono da casa" e dos filhos que ainda não possuem seu próprio templo.
A data é geralmente a mesma que aquele sacerdote teve assentado seu Orixá, a data de sua feitura. As festas têm um ciclo ritual longo, que antigamente duravam 32,21  dias de obrigações, hoje diante das dificuldades duram no máximo 16.
O começo de tudo são as limpezas de corpo e da casa, para descarregar totalmente o ambiente e as pessoas, de toda e qualquer negatividade; em seguida são preparados as oferendas e sacrifícios ao Bará.
A partir deste momento, os iniciados já ficam confinados ao templo, esquecendo então o cotidiano e passam a viver para os Orixás por inteiro até o final dos rituais.
No dia do serão ,dia da obrigação de matança, todos Orixás recebem sacrifícios de animais.
Os cabritos e aves são preparados com diversos temperos e servidos a todos que participarem dos rituais, tudo é aproveitado, inclusive o couro dos animais, que sevem para fazer os tambores usados nos dias de toques.
No dia da festa o salão é enfeitado com as cores dos Orixás homenageados.
A abertura se dá com a chamada Xirê, feita pelo sacerdote em frente ao peji  usando a sineta ,adjá, saudando todos Orixás.
Ao som dos tambores, as pessoas formam uma roda de dança em louvor aos Orixás, a cada um com coreografias especiais de acordo com suas características.
No final das cerimônias são distribuídos os mercados, bandejas contendo todo tipo de culinária dos Orixás como: acarajé, axoxó , farofa de aves, carnes de cabritos cozidas ou assadas, frutas, fatias de bolos etc., que podem ser consumidas no local e ou  comer em casa.
Durante a semana são feitos outros rituais de fundamentos para os Orixás, inclusive a matança de peixe, que para os batuqueiros significa fartura e prosperidade, os peixes oferecidos são da qualidade da região seguindo as regras de cada orixá .
No sábado seguinte é feito o encerramento das obrigações, com mesa de Ibejes e toque, novamente em homenagem aos Orixás, neste dia são distribuídos mercados com iguarias e o peixe frito, significando a divisão da fartura e prosperidade com os participantes das homenagens aos Orixás.
Após o encerramento, o sacerdote leva os filhos que estavam de obrigações ao passeio.
água, à igreja, ao mercado público.
O passeio faz parte do cumprimento dos rituais.
Após o passeio todos estão liberados para seguirem normalmente o cotidiano de suas vidas.
Que o PAI ilumine e esclareça.
Ou jafusi Inanga.





Nenhum comentário:

Postar um comentário