SANTA MADRE PAULINA
Fundadora da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição
Origens
Seu
nome de batismo era Amábile Lúcia Visintainer. Ela nasceu em de
dezembro de 1865, na cidade de Vigolo Vattaro, região de Trento, que
fica ao norte da Itália. Foi a segunda filha de Anna e Napoleão. Seus
pais eram cristãos fervorosos, porém muito pobres. Durante a infância de
Amábile, toda a Itália passava por uma grave crise econômica e pestes
contagiosas. Por isso, quando ela tinha nove anos, seus pais decidiram
emigrar para o Brasil.
Chegada ao Brasil
Em 1875 a família de
Amábile chegou ao Brasil. Foram para o Estado de Santa Catarina, mais
precisamente para a região de Nova Trento, onde vários trentinos já
estavam morando. Eles foram se estabelecer num vilarejo recém fundado no
meio da mata chamado Vigolo. Tudo era muito precário e pobre. As
famílias procuravam manter-se unidas para sobreviverem, alimentando o
sonho de um dia prosperarem.
Uma grande amizade
No vilarejo de
Vigolo, Amábile travou amizade com uma menina que a acompanharia por
toda a vida: Virgínia Nicolodi. As duas já tinham uma fé sólida e esta
afinidade as fez crescer ainda mais na amizade. As duas eram sempre
vistas rezando na capelinha de madeira. Elas fizeram a primeira comunhão
no mesmo dia. Nessa época, Amábile já tinha doze anos de idade.
Pequena missionária
O
vilarejo de Vigolo crescia aos poucos. Por isso, o padre responsável
pela região, chamado Servanzi, iniciou um trabalho pastoral ali. Logo
ele percebeu o espírito comprometido e sábio da adolescente Amábile e
incumbiu-a de lecionar o catecismo às crianças, além da ajuda aos
doentes e de manter limpa a capelinha do vilarejo, que era dedicada a
São Jorge. Esta incumbência certamente ajudou a amadurecer a vocação
religiosa no coração de Amábile.
Adolescente caridosa
Amábile
assumiu a missão de corpo e alma, levando sempre consigo a amiga
Virgínia. As duas dedicavam-se totalmente à caridade para com os mais
pobres, ajudando aos doentes, conseguindo mantimentos para os
necessitados, ajudando aos doentes, idosos, crianças, enfim, a todos que
precisassem. Amábile e Virgínia começaram a ser reconhecidas por todo o
povo italiano que vivia naquela região distante e abandonada do Brasil.
Sonhos proféticos com Nossa Senhora
Em
1888 Amábile teve o primeiro de três sonhos com a Virgem Maria. Nesses
sonhos, Nossa Senhora disse a Amábile: “Amábile, é meu ardente desejo
que comeces uma obra: trabalharás pela salvação de minhas filhas.”
Amábile responde: “Mas como fazer isso minha Mãe? Não tenho meios, sou
tão miserável, ignorante…” Quando acordou após o terceiro sonho, Amábile
assim respondeu em oração: “Servir-vos Minha querida Mãe…sou uma pobre
criatura, mas para satisfazer o vosso desejo, prometo me esforçar o
máximo que eu puder!”
Um hospitalzinho para os pobres
Amábile
pediu e seu pai a ajudou a construir uma casinha de madeira, num terreno
perto da capela, doado por um barão. O casebre se transformaria num
pequeno hospital onde Amábile e Virgínia dedicaram-se arduamente ao
cuidado dos doentes, mas, também, ao cuidado e à instrução das crianças.
As duas nem sabiam, mas ali estava nascendo a Congregação das
Irmãzinhas da Imaculada Conceição.
A primeira paciente
A
primeira pessoa doente que Amábile e Virgínia receberam no pequeno
hospital, foi uma mulher que tinha câncer, em estado terminal. A pobre
não tinha ninguém que pudesse cuidar dela. Assim, as duas assumiram a
mulher no casebre. Era dia 12 de julho de 1890. Mais tarde, Amábile e
Virgínia consideraram essa data como o dia da fundação da Congregação
das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. A Obra iniciou no dia em que as
duas amigas começaram a atuar como enfermeiras.
Uma Obra inspirada por Deus
A
Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição foi a primeira
congregação feminina fundada no Brasil. Pela santidade e necessidade
dessa Obra, ela foi aprovada rapidamente pelo bispo de Curitiba, em
agosto de 1895. Quatro meses após a aprovação eclesiástica, Amábile,
Virgínia e outra jovem chamada Teresa Maule, fizeram os votos religiosos
na Congregação. Na ocasião, Amábile adotou o nome de irmã Paulina do
Coração Agonizante de Jesus. Além disso, ela foi nomeada superiora da
pequena congregação. Por isso, passou a ser chamada de Madre Paulina.
A semente germina e cresce
A
santidade, a caridade e a prática apostólica de Madre Paulina e suas
coirmãs fizeram por atrair muitas outras jovens. Apesar da pobreza e das
imensas dificuldades em que as irmãzinhas viviam, o exemplo que elas
davam arrastava. Por isso, muitas jovens ingressaram na Congregação.
Elas continuaram a cuidar dos doentes, da paróquia, das crianças órfãs e
dos pobres. Além disso, começaram uma pequena indústria da seda para
terem como sobreviver e manter as obras de caridade.
Convite para se instalar em São Paulo
Em
1903, apenas oito anos após a aprovação eclesiástica, o reconhecimento
da Congregação já era notório no Brasil por causa da santidade de vida
das Irmãzinhas e do trabalho extremamente necessário que realizavam. Por
isso, nesse ano, Madre Paulina foi chamada para estender sua obra a São
Paulo. Ela viu no convite um chamado de Deus e aceitou o desafio.
A obra em São Paulo
Em
1903, Madre Paulina e algumas irmãs chegaram a São Paulo. Lá, foram
morar no bairro Ipiranga, ao lado de uma capela. Logo ela iniciou uma
obra importante: a obra da "Sagrada Família", que tinha como objetivo
abrigar ex-escravos e suas famílias após a abolição da escravatura, que
tinha acontecido em 1888. Essas famílias viviam em péssimas condições e a
obra de Madre Paulina deu a elas um pouco de dignidade.
Afastamento, humildade e obediência
Algum
tempo depois, a obra cresceu em número de irmãs e em ações sociais.
Nesse ínterim, Madre Paulina passou a ser perseguida e caluniada por uma
rica senhora, chamada Ana Brotero. Esta, ajudava nas obras. A
perseguição foi tanta que, em 1909 o bispo Dom Duarte destituiu Madre
Paulina do cargo de superiora da congregação e a exilou em Bragança
Paulista, SP. Madre Paulina, num exemplo de obediência, acatou a ordem
do bispo, mesmo que em lágrimas de dor. Na ocasião, ela disse: “Meu
único desejo é que a obra da Congregação continue para que Jesus Cristo
seja conhecido e amado por todos.” No “exílio”, Madre Paulina
sujeitou-se aos trabalhos mais humildes e pesados, sem murmurar nem
reclamar, mas entregando tudo ao Senhor.
Reconhecimento
Nove
anos depois do chamado “exílio”, Madre Paulina foi chamada pelo mesmo
bispo de volta à casa geral da Congregação em São Paulo. Suas virtudes
de humildade e obediência foram reconhecidas, depois dessa prova de
fogo. Por isso, ela foi chamada para viver entre as novas irmãs e servir
de exemplo e testemunho cristão para todas. Nesse tempo, destacou-se
seu espírito de oração e a grande caridade que tinha para com todas as
irmãs, especialmente as doentes.
Morte
A partir de 1938 Madre
paulina iniciou um período de grandes sofrimentos físicos. Por causa do
diabetes, seu braço direito teve que ser amputado. Depois disso, ficou
cega. Foram quatro anos de sofrimentos físicos e de testemunho de fé.
Ela permaneceu firme, louvando ao senhor por tudo e sendo cada vez mais
amada e admirada pelas irmãzinhas. Por fim, após quatro anos de dor, ela
entregou sua alma a Deus, na casa geral da congregação fundada por ela.
Era o dia 9 de julho de1942. O papa João Paulo II celebrou sua
beatificação em 1991, em visita ao Brasil. Sua canonização aconteceu em
2002, pelo mesmo Papa. Assim, ela passou a ser a primeira santa
canonizada no Brasil.
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