


IFÁ

ADVINHAÇÃO
IFÁ era um pobre pescador que vivia miseravelmente.
Fez um dia contrato com Elegbá, comprometendo-se a lhe servir de escravo devotado durante dezesseis anos.
Elegbá enviou-o à floresta para buscar coquinhos-de-dendê e ensinou-o a prepará-los para a adivinhação.
Mas chegava tanta gente para consultá-lo que IFÁ teve necessidade de uma mulher que se ocupasse de sua casa, tomou apetebi, que não era outra senão Oxum.
As pessoas que não conseguiam chegar a ver o próprio IFÁ pediam a Oxum que fizesse o favor de tirar a sorte para elas.
Então Oxum se queixou ao marido de que não conhecia a arte de ler o futuro e, depois de muita insistência, IFÁ tomou dezesseis coquinhos, preparou-os e pediu a Elegbá que respondesse por intermédio deles à perguntas feitas por Oxum.
Elegbá aceitou de má vontade, e se hoje realmente responde às questões das apetebis em represália persegue as filhas de Oxum com mais furor ainda do que os filhos dos outros Orixás.

CONDENAÇÃO
Oxum teve um filho com um pescador de nome Erinlé. Quando nasceu recebeu de seu pai um encantamento que permitia ser por seis meses homem e seis meses mulher.
Nunca ninguém soube deste segredo, pois seus pais viviam viajando.
Assim quem o conhecia como mulher não o conhecia como homem.
Um dia sua forma positiva procurou um babalaô para iniciar-se no culto.
O jogo sempre deixava dúvidas até que IFÁ manifestou-se negativamente. Mas o babalaô por teimosia iniciou-o assim mesmo.
Após seis meses Logunedé disse ao babá que teria que fazer uma viagem de seis meses.
Nesse período estaria na forma feminina e um dia passeando pelo mercado como mulher por causalidade o babá a viu no mercado e apaixonou-se e casou com ela.
Nesse período estaria na forma feminina e um dia passeando pelo mercado como mulher por causalidade o babá a viu no mercado e apaixonou-se e casou com ela.
A cabo de seis meses a mesma desculpa para poder assumir a forma masculina.
Só que o babalaô a possuía com muita intensidade que na manhã que teria que partir adormeceu e quando ambos acordaram Logunedé estava na forma masculina.
IFÁ condenou-o a morte a menos que o encanto fosse desfeito.

EXCLUIDO
Logunedé era filho de Oxun e Odé. Sem poder viver no palácio de Oxun, foi criado por Oiá na beira do rio. Odé seu pai, era demasiado rude e não conseguia conviver com o filho, sumindo por longo tempo em suas caçadas.
Logun, afeiçoado pela mãe, vez por outra ia ao palácio de Xangô, onde Oxun vivia.
Logun vestia-se de mulher pois Xangô era ciumento e não permitia a entrada de homens em sua morada. Assim, Logun passava dias e dias vestido de mulher, mas na companhia de sua mãe e das outras rainhas.
Um dia houve uma grande festa no orun à qual todos os orixás compareceram com seus melhores trajes. Logun-Edé, que vivia na beira do rio a caçar e pescar não possuía trajes belos. Foi então que vestiu-se com as roupas que Oxun lhe dera para disfarçar-se e com elas foi à grande recepção.
Um dia houve uma grande festa no orun à qual todos os orixás compareceram com seus melhores trajes. Logun-Edé, que vivia na beira do rio a caçar e pescar não possuía trajes belos. Foi então que vestiu-se com as roupas que Oxun lhe dera para disfarçar-se e com elas foi à grande recepção.
Ao chegar, todos ficaram admirados com a beleza de Logunedé, e perguntavam: Quem é esta formosura tão parecida com Oxun?.
IFÁ, muito curioso, chegou perto do rapaz e levantou o filá que cobria seu rosto. Logunedé ficou desesperado e saiu da festa correndo, com medo que todos descobrissem sua farsa. Entrou na floresta correndo e foi avistado por Odé que o seguiu, sem reconhecê-lo, encantado com sua beleza.
Logunedé, de tanto correr fugindo à perseguição do caçador, caiu cansado. Odé então atirou-se sobre ele e possuiu-o ali mesmo.

FUGITIVO
Estando Euá à beira do rio, com um igba cheio de roupa para lavar, avistou de longe um homem que vinha correndo em sua direção.
Era IFÁ que vinha esbaforido fugindo de iku.
Pedindo seu auxílio.
Euá despejou toda roupa no chão, que se encontrava no igba, emborcou-o em cima de IFÁ e sentou-se.
Daí a pouco chega a morte perguntando se não viu passar por ali um homem e dava a descrição.
Euá respondeu que viu, mas que ele havia descido rio abaixo e a morte seguiu no seu encalço.
Ao desaparecer, IFA saiu debaixo do igba de Euá, são e salvo. Este, agradecido, deu a Euá o dom da vidência.
Logo Euá pensou algo e Orunmilá deu-lhe imediatamente a resposta, antes que ela fizesse a pergunta:
-Sim, dentro em breve você terá um filho.
E este foi o segundo grande presente que Orunmilá deu a Euá. Então, levou-a para casa, a fim de tornar-se sua mulher.

RENASCIMENTO DIVINO
Odé numa de suas inúmeras caçadas, sem que tivesse consultado antes IFÁ, encontrou uma cobra no mato.
Ela lhe diz que não pode ser morta por ele, pois não é um bicho de penas.
Ele pouco se importou com o aviso, e matou-a com a lança, cortando-a em diversos pedaços e levando para casa para ele mesmo preparar um guisado, com o qual se refastelou.
No dia seguinte, Oxum Demun, sua esposa, prevendo muitas catástrofes, por causa da quebra de tantos tabus, encontra Odé, deitado no chão morto e rastros de cobra que iam em direção a floresta. Oxum chorou tanto e tão alto que IFÁ, condoído pela sua dor, fez Odé, o caçador, renascer sob a forma divina de Oxóssi.

SEGREDO
Oxum queria saber o segredo do jogo de búzios que pertencia a BARÁ e este não queria lhe revelar. Ela então procura na floresta as feiticeiras, chamadas Yami Oxorongá. As feiticeiras perguntam a Oxum o que faz ali e ela lhes pede como enganar a BARÁ e conseguir o segredo do jogo de búzios.
As feiticeiras a muito querendo pregar uma peça a Bará, ensinaram toda a sorte de magias a Oxum, mas exigiram que ela lhes fizesse uma oferenda a cada feitiço realizado. Oxum concordou e foi procurar Bará.
Ao chegar perto do reino de Bará, este desconfiado perguntou-lhe o que queria por ali, que ela deveria embora e que ele não a ensinaria nada.
Ela então o desafia a descobrir o que tem entre os dedos. Bará se abaixa para ver melhor e ela sopra sobre seus olhos um pó mágico que ao cair nos olhos de Bará o cega e arde muito.
Bará gritava de dor e dizia;
- Eu não enxergo nada, cadê meus búzios?
Oxum fingindo preocupação, respondia:
- Búzios? Quantos são eles?
- Dezesseis, respondeu Exu, esfregando os olhos.
- Ah! Achei um, é grande!
- É Okanran, me dê ele.
- Achei outro, é menorzinho!
- É Eta-Ogundá, passa pra cá...
E assim foi até que ela soube todos os segredos do jogo de búzios, IFÁ o Orixá da adivinhação, pela coragem e inteligência da Oxum, resolveu-lhe dar também o poder do jogo e dividí-lo com Bará.

OFERENDAS
Em épocas remotas os Orixás passaram fome. Às vezes, por longos períodos, eles não recebiam bastante comida de seus filhos que viviam na Terra.
Os Orixás cada vez mais se indispunham uns com os outros e lutavam entre si guerras assombrosas.
Os descendentes dos Orixás não pensavam mais neles e os Orixás se perguntavam o que poderiam fazer.
Como ser novamente alimentados pelos homens?
Os homens não faziam mais oferendas e os Orixás tinham fome.
Sem a proteção dos Orixás, a desgraça tinha se abatido sobre a Terra e os homens viviam doentes, pobres, infelizes.
Um dia Bará pegou a estrada e foi em busca de solução. Bará foi até Iemanjá em busca de algo que pudesse recuperar a boa vontade dos homens.
Iemanjá lhe disse: "Nada conseguirás.
Xapanã já tentou afligir os homens com doenças, mas eles não vieram lhe oferecer sacrifícios.
Iemanjá disse: Bará matará todos os homens, mas eles não lhe darão o que comer. Xangô já lançou muitos raios e já matou muitos homens, mas eles nem se preocupam com ele. Então é melhor que procures solução em outra direção. Os homens não tem medo de morrer. Em vez de ameaçá-los com a morte, mostra a eles alguma coisa que seja tão boa que eles sintam vontade de tê-la. E que, para tanto, desejem continuar vivos.
Bará retornou o seu caminho e foi procurar Orungã.
Orungã lhe disse: Eu sei por que vieste.
Os dezesseis Orixás tem fome. É preciso dar aos homens alguma coisa de que eles gostem, alguma coisa que os satisfaça.
Eu conheço algo que pode fazer isso. É uma grande coisa que é feita com dezesseis caroços de dendê. Arranja os cocos da palmeira e entenda seu significado. Assim poderás conquistar os homens.
Bará foi ao local onde havia palmeiras e conseguiu ganhar dos macacos dezesseis cocos.
Bará pensou e pensou, mas não atinava no que fazer com eles.
Os macacos então lhe disseram: Bará, não sabes o que fazer com os dezesseis cocos de palmeira? Vai andando pelo mundo e em cada lugar pergunta o que significam esses cocos de palmeira. Deves ir a dezesseis lugares para saber o que significam esses cocos de palmeira. Em cada um desses lugares recolheras dezesseis Odús.
Recolherás dezesseis histórias, dezesseis oráculos. Cada história tem a sua sabedoria, conselhos que podem ajudar os homens. Vai juntando os Odús e ao final de um ano terás aprendido o suficiente.
Aprenderás dezesseis vezes dezesseis Odús. Então volta para onde moram os Orixás .
Ensina aos homens o que terás aprendido e os homens irão cuidar de Bará.
Bará fez o que lhe foi dito e retornou ao Orun, o Céu dos Orixás.
Bará mostrou aos deuses os Odús que havia aprendido e os Orixás disseram: Isso é muito bom.
Os Orixás, então, ensinaram o novo saber aos seus descendentes, os homens.
Os homens então puderam saber todos os dias os desígnios dos Orixás e os acontecimentos do porvir. Quando jogavam os dezesseis cocos de dendê e interpretavam o Odú que eles indicavam, sabiam da grande quantidade de mal que havia no futuro. Eles aprenderam a fazer sacrifícios aos Orixás para afastar os males que os ameaçavam.
Eles recomeçavam a sacrificar animais e a cozinhar suas carnes para os deuses. Os Orixás estavam satisfeitos e felizes.
Foi assim que Bará trouxe aos homens o IFÁ.

OS FILHOS DO FAZENDEIRO
Havia na cidade do Oió um fazendeiro chamado Alapini, que tinha três filhos chamados Ojéwuni, Ojésamni e Ojérinlo.
Um dia Alapini foi viajar e deixou recomendações aos filhos para que colhessem os inhames e os armazenassem, mas que não comessem um tipo especial de inhame chamado ‘ihobia’, pois ele deixava as pessoas com uma terrível sede.
Seus filhos ignoraram o aviso e o comeram em demasia. Depois, beberam muita água e, um a um, acabaram todos morrendo.
Quando Alapini retornou, encontrou a desgraça em sua casa.
Desesperado, correu ao Babalawô, que jogou IFÁ para ele. O sacerdote disse que ele se acalmasse, e que após o l7º dia fosse ao ribeirão do bosque e executasse o ritual que foi prescrito no jogo.
Ele deveria escolher um galho da árvore sagrada chamada atori e fazer um bastão que é chamado ixan.
Na margem do ribeirão, deveria bater com o bastão na terra e chamar pelos nomes dos seus filhos, que na terceira vez eles apareceriam. Mas ele também não poderia esquecer de antes fazer certos sacrifícios e oferendas.
Assim ele o fez; seus filhos apareceram.
Mas eles tinham rostos e corpos estranhos; era então preciso cobri-los para que as pessoas pudessem vê-los sem se assustarem.
Pediu que seus filhos ficassem na floresta e voltou à cidade. Contou o fato ao povo, e as pessoas fizeram roupas para ele vestir seus filhos.
Deste dia em diante ele poderia ver e mostrar seus filhos a outras pessoas; as belas roupas que eles ganharam escondiam perfeitamente sua condição de mortos.
Alapini e seus filhos fizeram um pacto: em um buraco feito na terra pelo seu pai (ojubô), no mesmo local do primeiro encontro (igbo igbalé), ali seriam feitas as oferendas e os sacrifícios e guardadas as roupas, para que eles as vestissem quando o pai os chamasse através do ritual do bastão.
Seguindo o pacto e as instruções do babalawo, de que sempre que os filhos morressem fosse realizado o ritual após o l7º dia, pais e filhos para sempre se encontraram. E, para os filhos que ainda não tiverem roupas, é só pedir às pessoas que elas as farão com imenso prazer.

POR ESQUECIMENTO
Bará foi o primeiro filho de Iemanjá e Oxalá.
Ele era muito levado e gostava de fazer brincadeiras com todo mundo. Tantas fez que foi expulso de casa.
Saiu vagando pelo mundo, e então o país ficou na miséria, assolado por secas e epidemias.
O povo consultou IFÁ, que respondeu que Bará estava zangado porque ninguém se lembrava dele nas festas; e ensinou que, para qualquer ritual dar certo, seria preciso oferecer primeiro um agrado a Bará.
Desde então, Bará recebe oferendas antes de todos, mas tem que obedecer aos outros orixás, para não voltar a fazer tolices.

REMÉDIO e OFERENDA
Ossaim e Orumilá no calor das competições foram até IFÁ, que lhes recomendou enterrar seus filhos por sete dias para ver quem era o mais resistente e poderoso.
O pai do vencedor gozaria das regalias da senhoridade e do prestígio.
O filho de Ossaim era Remédio, e o de Orumilá era Oferenda.
Ambos com poderes semelhantes ao dos seus pais.
Orumilá através do Bará mandou alimentos para Oferenda, seguindo indicações de IFÁ.
Ossaim porém, não fez o que lhe foi recomendado, ficando Remédio sem receber alimentação.
Na situação em que estavam, Oferenda e remédio entraram em acordo, sendo Remédio alimentado por Oferenda.
No sétimo dia IFÁ foi ver quem resistira, chamando-os.
Os dois resistiram.

VERDADE
Um dia, Orumilá, que é Orixá mentor do Oráculo, recebeu a visita de um religioso. Este veio pedir-lhe ajuda, porque em seu povo, devido à diversidade de religiões, as pessoas não se entendiam e cada qual pensava ser dono da verdade.
Orumilá, após consultar IFÁ, disse-lhe: Não haverá mais problemas, quando todos compreenderem que as religiões convergem, ao final, a um único ponto: a FÉ e que a paz está na visualização das virtudes do outro.
...quando vocês começarem a observar e valorizar as qualidades do seu semelhante, sem levar em conta as diferenças religiosas, todos conseguirão viver em paz.

CONTATO
Skype: peregrino rakaama
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