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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Lenda do Orixá Irokô

LENDA dos ORIXÁS






IROKÔ

A MAIS ANTIGA

No começo dos tempos, a primeira árvore plantada foi IROKÔ.
IROKÔ foi a primeira de todas as árvores, mais antiga que o mogno, o pé de obi e o algodoeiro.
Na mais velha das árvores de IROKÔ, morava seu espírito. E o espírito de IROKÔ era capaz de muitas mágicas e magias.
IROKÔ assombrava todo mundo, assim se divertia.
À noite saia com uma tocha na mão, assustando os caçadores. Quando não tinha o que fazer, brincava com as pedras que guardava nos ocos de seu tronco. Fazia muitas mágicas, para o bem e para o mal. Todos temiam IROKÔ e seus poderes e quem o olhasse de frente enlouquecia até a morte.
Numa certa época, nenhuma das mulheres da aldeia engravidava.
Já não havia crianças pequenas no povoado e todos estavam desesperados. Foi então que as mulheres tiveram a idéia de recorrer aos mágicos poderes de IROKÔ.
Juntaram-se em círculo ao redor da árvore sagrada, tendo o cuidado de manter as costas voltadas para o tronco. Não ousavam olhar para a grande planta face a face, pois, os que olhavam IROKÔ de frente enlouqueciam e morriam. Suplicaram a IROKÔ, pediram a ele que lhes desse filhos. Ele quis logo saber o que teria em troca.
As mulheres eram, em sua maioria, esposas de lavradores e prometeram a IROKÔ milho, inhame, frutas, cabritos e carneiros.
Cada uma prometia o que o marido tinha para dar.
Uma das suplicantes, chamada Olurombi, era a mulher do entalhador e seu marido não tinha nada daquilo para oferecer. Olurombi não sabia o que fazer e, no desespero, prometeu dar a IROKÔ o primeiro filho que tivesse.
Nove meses depois a aldeia alegrou-se com o choro de muitos recém-nascidos. As jovens mães, felizes e gratas, foram levar a IROKÔ suas promessas.
Em torno do tronco de Irokô depositaram suas oferendas. Assim IROKÔ recebeu milho, inhame, frutas, cabritos e carneiros.
Olurombi contou toda a história ao marido, mas não pôde cumprir sua promessa. Ela e o marido apegaram-se demais ao menino prometido.
No dia da oferenda, Olurombi ficou de longe, segurando nos braços trêmulos, temerosa, o filhinho tão querido. E o tempo passou. Olurombi mantinha a criança longe da árvore e, assim, o menino crescia forte e sadio. Mas um belo dia, passava Olurombi pelas imediações do IROKÔ, entretida que estava, vindo do mercado, quando, no meio da estrada, bem na sua frente, saltou o temível espírito da árvore.
Disse IROKÔ: -Tu me prometeste o menino e não cumpriste a palavra dada. Transformo-te então num pássaro, para que vivas sempre aprisionada em minha copa.
E transformou Olurombi num pássaro e ele voou para a copa de IROKÔ para ali viver para sempre.
Olurombi nunca voltou para casa, e o entalhador a procurou, em vão, por toda parte.
Ele mantinha o menino em casa, longe de todos. Todos os que passavam perto da árvore ouviam um pássaro que cantava, dizendo o nome de cada oferenda feita a IROKÔ.
Até que um dia, quando o artesão passava perto dali, ele próprio escutou o tal pássaro, que cantava assim:
-Uma prometeu milho e deu o milho.
-Outra prometeu inhame e trouxe inhames.
-Uma prometeu frutas e entregou as frutas.
-Outra deu o cabrito e outra, o carneiro, sempre conforme a promessa que foi feita.
-Só quem prometeu a criança não cumpriu o prometido.
Ouvindo o relato de uma história que julgava esquecida, o marido de Olurombi entendeu tudo imediatamente.
Sim, só podia ser Olurombi, enfeitiçada por IROKÔ. Ele tinha que salvar sua mulher!
Mas como, se amava tanto seu pequeno filho?
Ele pensou e pensou e teve uma grande idéia. Foi à floresta, escolheu o mais belo lenho de IROKÔ, levou-o para casa e começou a entalhar.
Da madeira entalhada fez uma cópia do rebento, o mais perfeito boneco que jamais havia esculpido.
O fez com os doces traços do filho, sempre alegre, sempre sorridente. Depois poliu e pintou o boneco com esmero, preparando-o com a água perfumada das ervas sagradas. Vestiu a figura de pau com as melhores roupas do menino e a enfeitou com ricas jóias de família e raros adornos.
Quando pronto, ele levou o menino de pau a IROKÔ e o depositou aos pés da árvore sagrada.
IROKÔ gostou muito do presente.
Era o menino que ele tanto esperava!
E o menino sorria sempre, sua expressão, de alegria.
IROKÔ apreciou sobremaneira o fato de que ele jamais se assustava quando seus olhos se cruzavam.
Não fugia dele como os demais mortais, não gritava de pavor e nem lhe dava as costas, com medo de o olhar de frente.

IROKÔ estava feliz. Embalando a criança, seu pequeno menino de pau, batia ritmadamente com os pés no solo e cantava animadamente.
Tendo sido paga, enfim, a antiga promessa, IROKÔ devolveu a Olurombi a forma de mulher.
Aliviada e feliz, ela voltou para casa, voltou para o marido artesão e para o filho, já crescido e enfim libertado da promessa.
Alguns dias depois, os três levaram para IROKÔ muitas oferendas. Levaram ebós de milho, inhame, frutas, cabritos e carneiros, laços de tecido de estampas coloridas para adornar o tronco da árvore.
Eram presentes oferecidos por todos os membros da aldeia, felizes e contentes com o retorno de Olurombi.



CORPO LIMPO

Uma mulher sem filhos, que ansiava desesperadamente por um herdeiro, procurou um babalaô que lhe disse como proceder.
Ela deveria ir à árvore de IROKÔ e a IROKÔ oferecer um sacrifício. Comidas e bebidas que ele prescreveu a mulher concordou em oferecer. Com panos vistosos ela fez laços e com os laços ela enfeitou o pé de IROKÔ .
Aos seus pés depositou o seu ebó, tudo como mandara o adivinho. Mas de importante preceito ela se esqueceu.
A mulher que queria ter um filho deu tudo a IROKÔ, quase tudo.
O babalaô mandara que nos três dias antes do ebó ela deixasse de ter relações sexuais.
Só então, assim, com o corpo limpo, deveria entregar o ebó aos pés da árvore sagrada. A mulher se esqueceu e não negou deitar-se com o marido nos três dias que precediam o ebó.
IROKÔ irritou-se com a ofensa, abriu uma grande boca em seu grosso tronco e engoliu quase totalmente a mulher, deixando de fora só os ombros e a cabeça.
A mulher gritava feito louca por ajuda e toda a aldeia correu para o velho Irokô. Todos assistiam o desespero da mulher. O babalaô foi também até a árvore e fez seu jogo e o jogo que o babalaô fez para a mulher revelou sua ofensa, sua oferta com o corpo sujo, porque para fazer oferenda para IROKÔ é preciso ter o corpo limpo e isso ela não tinha.
Mas a mulher estava arrependida e a grande árvore deixou que ela fosse libertada.
Toda a aldeia ali reunida regozijou-se pela mulher. Todos cantaram e dançaram de alegria. Todos deram vivas a IROKÔ.
Tempos depois a mulher percebeu que estava grávida e preparou novos laços de vistosos panos e enfeitou agradecida a planta imensa. Tudo ofereceu-lhe do melhor, antes resguardando-se para ter o corpo limpo. Quando nasceu o filho tão esperado, ela foi ao babalaô e ele leu o futuro da criança: deveria ser iniciada para IROKÔ. Assim foi feito e IROKÔ teve muitos devotos. E seu tronco está sempre enfeitado e aos seus pés não lhe faltam oferendas.



MERCENÁRIO

O macaco queria se casar e não tinha dinheiro, mas como era sabido , resolveu pedir a Dã, cem cauris, obtendo sucesso.
Solicitou a mesma quantia a Kpo, Dã e a Odé.
Ficando estipulado o prazo de três meses para liquidar a dívida.
No dia estipulado todos foram cobrar ao macaco, que fez o que segue:
Mandou Dã esperá-lo no pé de IROKÔ às 20:00 horas.
Mandou Kpo esperá-lo no pé de IROKÔ às 20:30 horas.
Mandou Odé esperá-lo no pé de IROKÔ às 21:00hs , e a todos recomendou pontualidade.
No horário marcado Dã foi para o IROKÔ, cansado de esperar o macaco, acabou adormecendo. ÁS 20:30 Kpo chegou sem que visse a serpente. Começou a sentir sono e deitou no chão.
Odé se dirigiu para o IROKÔ no horário marcado. Lá chegando avistou Kpo e para sua surpresa o leopardo estava dormindo. Odé que nada tinha caçado e esperava pegar Kpo há muito tempo, deu uma flechada em Kpo que alucinada de dor caiu por cima de Dã que apesar de receber uma patada de Kpo desferiu uma picada em Odé.
Icú, todas as noites passa pelo pé de IROKÔ, surpresa levou todos para seu reino.




NO COMEÇO DO MUNDO

Um dia, no começo do mundo, dois homens, Akite e Akule, começaram a brigar muito por causa de uma fruta. A briga acabou por envolver os humanos, Eguns, orixás, os animais.
No melhor da briga, chegou Bará.
Da maneira rápida e matreira tão própria dele, tirou do bolso um pó, misturou com terra e soprou na multidão.
Veio um temporal de vento, relâmpagos, trovões e chuva chamado adarrum, que ficou sendo o toque de guerra dos orixás.
Quando os orixás estão no orun e escutam o adarrum vem correndo para ver o que é que esta acontecendo na terra.
Naquele momento veio um raio e matou Akule, e todos acharam que foi uma armadilha.
Veio uma pedrada e matou Akile, e todos acharam que foi coisa feita.
Os iwins ficaram devastados com essa guerra, que aniquilou os habitantes da Terra.
Obatalá, chefe dos iwins, foi falar com seu pai Olofin, senhor do infinito, e contou tudo que se passara e passava.
Olofin se comoveu e, mandou chamar a árvore IROKÔ, única sobrevivente da espécie, e fez IROKÔ crescer.
Quando chegou ao céu, Olofin lançou sobre ela uma nuvem branca, interrompendo o crescimento.
Olofin tirou um galho da árvore e entregou ao filho e disse que segurando aquele galho, feito um bastão, ele poderia voltar a Terra. Deu ao cajado o nome de opaxorô.




O BELO E A FERA

IROKÔ era um homem bonito e forte e tinha duas irmãs. Uma delas era Ajé, a feiticeira, a outra era Ogboí, que era uma mulher normal.
Ajé era feiticeira, Ogboí, não.
IROKÔ e suas irmãs vieram juntos do Orun para habitar no Ayê.
IROKÔ foi morar numa frondosa árvore e suas irmãs em casas comuns.
Ogboí teve dez filhos e Ajé teve só um, um passarinho.
Um dia, quando Ogboí teve que se ausentar, deixou os dez filhos sob a guarda de Ajé.
Ela cuidou bem das crianças até a volta da irmã.
Mais tarde, quando Ajé teve também que viajar, deixou o filho pássaro com Ogboí. Foi então que os filhos de Ogbói pediram à mãe que queriam comer um passarinho. Ela lhes ofereceu uma galinha, mas eles, de olhos no primo, recusaram.
Gritavam de fome, queriam comer, mas tinha que ser um pássaro. A mãe foi então foi a floresta caçar passarinhos, que seus filhos insistiam em comer.
Na ausência da mãe, os filhos de Ogboí mataram, cozinharam e comeram o filho de Ajé.
Quando Ajé voltou e se deu por conta da tragédia, partiu desesperada a procura de IROKÔ.
IROKÔ a recebeu em sua árvore, onde mora até hoje.
E de lá, IROKÔ vingou Ajé, lançando golpes sobre os filhos de Ogboí.
Desesperada com a perda de metade de seus filhos e para evitar a morte dos demais, Ogoí ofereceu sacrifícios para o irmão IROKÔ.

Deu-lhe um cabrito e outras coisas e mais um cabrito para Bará.
IROKÔ aceitou o sacrifício e poupou os demais filhos. Ogboí é a mãe de todas as mulheres comuns, mulheres que não são feiticeiras, mulheres que sempre perdem filhos para aplacar a cólera de Ajé e de suas filhas feiticeiras.
IROKÔ mora na gameleira branca e oferece a sua justiça na disputa entre as feiticeiras e as mulheres comuns.




VENTO TRANSFORMADOR

IROKÔ era uma árvore, muito importante, importante a valer.
Olofin determinou que os orixás e Êres fossem cultuados pelos viventes, e eles saíram pelo mundo à procura de seus filhos com isto haveria a aproximação do mundo dos encantados com o das pessoas.
IROKÔ era muito cultuado e trabalhava muito, perto de onde estavam havia uma feira cheia de movimento, IROKÔ soprou e seu hálito em forma de vento que foi cair sobre a cabeça da moça que vendia na feira, a moça começou a rodar a rodar, a rodar e foi cair nos pés de IROKÔ, nascendo a primeira LOCOSI.
Isso quer dizer que IROKÔ chega no axé, chega para dançar e ficar.

TRANSFORMAÇÃO DOS ORIXÁS

Todos os orixás correram para o pé de IROKÔ, para uma grande junção, chegaram trazendo suas comidas prediletas:
Xangô > levou amalá.
Ogum> levou inhame assado.
Odé> levou milho amarelo.
Omulu> levou pipoca e feijão preto.
Ossaim> levou farofa de mel de abelhas.
Oxumarê> levou farofa de feijão.
Oxalufã> levou milho branco.
Oxaguiã > levou bolos de inhame cozido.
Orunmilá> levou ossos.

Bará > chegou correndo e levou cachaça. Ajoelhou-se nos pés de IROKÔ e jogou 3 pingos no chão, cheirou 3 vezes e bebeu um pouco.
Neste momento IROKÔ transformou-se em árvore, Ogum em cachorro, Odé em vaga-lume, Omulu em aranha,Oxalá em lesma, Oxumarê em cobra, Xangô em cágado e as comidas ficaram no pé da árvore.







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