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1-O Candomblé para o homem

O candomblé, em seu caráter universal, tem muito mais que representação ritualística.
A formação de um leigo em adepto, iniciante e filho de uma casa de santo não visa apenas uma formação unicamente para aprimorar o indivíduo, inclui sabedoria, crença, normas, leis e costumes para entrosa-lo melhor na comunidade em que alem de fazer parte como cidadão, também partilhará seus conhecimentos como obreiro em prol dos demais, começando com seu Ylê, a residência entre seus parentes biológicos.
Isto está presente no pensamento da comunidade, de forma que implícita e explícita, objetiva compreender a humanidade e a vida de modo que integrado a família religiosa, familiar e social integre também o indivíduo ao Cosmo, buscando uma eternidade vinculada as energias.
O culto aos orixás é conhecido como uma das mais antigas religiões do mundo, na história da civilização do homem, e seu objetivo principal é alcançar o entendimento com o todo, abrindo caminhos de paz, harmonia e fé para a humanidade.

Embora não existam leis escritas que determinem como proceder ritualisticamente, elas fazem parte do saber oral, passando de geração para geração, adaptando-se as culturas, leis e costumes de cada país.
O motivo pelo qual antigamente era passado apenas de forma oral, não era por imposição dos orixás e entidades subalternas, mas sim por necessidade ou privação social.
Muitos dos adeptos e iniciados nos altos escalões da religião eram analfabetos.
Hoje é bem diferente e a cada dia com surgimento de meios mais versátil de comunicação a divulgação, estudo a respeito do culto ultrapassam fronteiras, o que é muito bom para manter atualizada, viva e principalmente mais sólida visando o fortalecimento para que por mais tempo possa estar presente e influenciando a sociedade de maneira direta ou indireta.
No entanto, as raízes não foram deturpadas e nem serão, pois suas leis, costumes e rituais mantiveram os grupos regrados e unidos fazendo com que o legado fosse aceito de maneira incontestável no seio da comunidade africanista exatamente por essas leis serem a mola mestra que desenvolve a união de todos os elementos. Perpetuando-se assim ao longo de milênios.
O candomblé não cultua vários deuses, como muitos acreditam.

Existe sim, um único Deus, que manifesta-se em positivo e negativo, e a manifestação dessa dualidade se manifesta nas demais energias, os Orixás com seus subordinados, que são divindades intermediárias de comunicação tendo cada um a responsabilidade de guiar os espíritos para a companhia daqueles de mesma linhagem.
Cada um deles tem o seu dia sagrado, alimentos, animais para sacrifícios, plantas e folhas específicas à sua forma de comunicação e a sua importância está relacionada com a sua especialidade no domínio, que pode e atua sobre um determinado elemento da natureza, caracterizando assim o seu poder espiritual e seus meios de atuação, manifestação.
Desta forma, a grandeza de um determinado Orixá não é tão essencial, mas a inter-relação entre um e outro é que é realmente importante. Todos orixás tem importância igual no universo, diferente de algumas religiões em que existe pleno domínio de um único Deus.
Foge-se então das religiões tradicionais em que colocam determinados elementos com prioridade.
Destacam e atribuem a um feitos bons e a outra negativos.
No cadomblé, os orixás têm dualidade de sua energia principal e de maneira dual sua manifestação.
Contidas nelas atribuições positivas e negativas de uma mesma fonte emanadora, portanto mantendo assim o equilíbrio.

As sociedades africanas tem concepção clara sobre a existência e fenômenos da natureza.
O primeiro relaciona-se com a existência no Aiyé (terra habitada); e no Órun (espaço além).
O segundo refere-se aos fenômenos naturais.
Cada indivíduo possui seu espírito específico ( Orí).
Este encontra-se agrupado com outros de mesma linguagem ou caráter (Égbé Órun- grupo ou membro de origem espiritual).
No que diz respeito aos fenômenos naturais, o que afeta a um membro de um Égbé Órun afeta da mesma forma a um membro do Égbé Aiyé.
Ritualisticamente, acredita-se que todas as coisas da natureza, tais como pedra, areia, madeira, água, plantas, etc...possuem essências que podem, se extraídas e utilizadas corretamente fazer algo em benefícios dos homens.
Rituais são promovidos e respondem à eficácia de nossas rezas que abrem facilmente um canal de comunicação dos nossos desejos a Deus. Mas estes rituais variam em forma e ordem. É preciso saber o tipo certo e essa determinação advém de Ifá-Olokun.
Quando feito dentro das especificações corretas, os resultados serão sempre satisfatórios.

Todos os ritos da prática religiosa são sistematizados. Desde encantamentos, consulta de jogo de búzios são revestidos de bastante objetividade.
A preocupação principal é o bem-estar da coletividade, cuja a responsabilidade de cada membro varia de acordo com o seu nível de conhecimento.
Nada será solicitado ou cobrado sem antes ter sido ensinado, experimentado e o resultado aprovado, nenhuma entidade vai punir quem faz com amor.
O principal objetivo é saber fazer, necessariamente ter contato com a negatividade.
Desta forma, o candomblé é uma variante religiosa forte. Cada membro detém, no hálito, no olhar, no andar, nas mãos e no pensamento, um poder genético espiritual.
Às vezes de caráter imperceptível. Mas a verdade é que os adeptos não tem somente este poder, como também podem atuar nas consequências deste mesmo poder. Onde tudo pode ser feito ou desfeito.

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