NOSSA SENHORA DE CARAVAGGIO
Nossa Senhora de Caravaggio é um título
dado à mãe de Jesus, Maria, que segundo a tradição católica apareceu na
localidade de Caravaggio, na Itália, no ano 1432.O seu maior santuário
brasileiro está na cidade de Farroupilha, no Rio Grande do Sul.
A
história relatada abaixo é atribuída à fé católica. O município de
Caravaggio, terra da aparição, se encontrava nos limites dos estados de
Milão e Veneza e na divisa de três dioceses: Cremona, Milão e Bérgamo.
Ano de 1432, época marcada por divisões políticas e religiosas, ódio,
heresias, assolada por bandidos e agitada por facções, traições e
crimes. Além disso, teatro da segunda guerra entre a República de Veneza
e o ducado de Milão, passou para o poder dos venezianos em 1431. Pouco
antes da aparição, em 1432, uma batalha entre os dois estados assustou o
país.
Neste cenário de desolação, às 17 horas da segunda-feira,
26 de maio de 1432, acontece a aparição de Nossa Senhora a uma
camponesa. A história conta que a mulher, de 32 anos, era tida como
piedosa e sofredora. A causa era o marido, Francisco Varoli, um
ex-soldado conhecido pelo mau caráter e por bater na esposa. Maltratada e
humilhada, Joaneta Varoli colhia pasto em um prado próximo, chamado
Mezzolengo, distante 2 km de Caravaggio.
Entre lágrimas e
orações, Joaneta avistou uma senhora que na sua descrição parecia uma
rainha, mas que se mostrava cheia de bondade. Dizia-lhe que não tivesse
medo, mandou que se ajoelhasse para receber uma grande mensagem. A
senhora anuncia-se como “Nossa Senhora” e diz: “Tenho conseguido afastar
do povo cristão os merecidos e iminentes castigos da Divina Justiça, e
venho anunciar a Paz”. Nossa Senhora de Caravaggio pede ao povo que
volte a fazer penitência, jejue nas sextas-feiras e vá orar na igreja no
sábado à tarde em agradecimento pelos castigos afastados e pede que lhe
seja erguida uma capela. Como sinal da origem divina da aparição e das
graças que ali seriam dispensadas, ao lado de onde estavam seus pés,
brota uma fonte de água límpida e abundante, existente até os dias de
hoje e nela muitos doentes recuperam a saúde.
Joaneta, na
condição de porta-voz, leva ao povo e aos governantes o recado da Virgem
Maria para solicitar-lhes – em nome de Nossa Senhora – os acordos de
paz. Apresenta-se a Marcos Secco, senhor de Caravaggio, ao Duque Felipi
Maria Visconti, senhor de Milão, ao imperador do Oriente, João VIII
Paleólogo, no sentido de unir a igreja dos gregos com o Papa de Roma. Em
suas visitas, levava ânforas de água da fonte sagrada, que resultavam
em curas extraordinárias, prova de veracidade da aparição. Os efeitos da
mensagem de paz logo apareceram. A paz aconteceu na pátria e na própria
Igreja (veja Concílio de Basileia-Ferrara-Florença).
Até mesmo
Francisco melhorou nas suas atitudes para com a esposa Joaneta. Sobre
ela, após cumprida a missão de dar a mensagem de Maria ao povo, aos
estados em guerra e à própria Igreja Católica, os historiadores pouco ou
nada falam. Por alguns anos foi visitada a casa onde ela morou que, com
o tempo desapareceu no anonimato.
Os imigrantes eram pessoas de
fé e acostumados a uma vida cristã intensa. Já nos primeiros momentos
em terras brasileiras, a necessidade de uma orientação espiritual
tornou-se viva entre as famílias, o que só veio a acontecer cerca de um
ano depois.
O primeiro atendimento religioso na Linha Palmeiro,
onde está localizado o Santuário de N. S. de Caravaggio, foi feito pelo
Padre Domenico Antonio Munari, que veio da Itália onde era pároco de
Fastro, Município de Arsiè, BL. Segundo a tradição oral local, a
primeira missa, em 1878, foi presidida pelo Padre Munari. Ele veio a
falecer no final do mes de março deste mesmo ano de 1878, vítima de um
acidente enquanto percorria a Linha Palmeiro com sua mula.
Após
isto, o atendimento passou a ser feito pelo Padre João Menegotto, que
pertencia à Paróquia de Dona Isabel (hoje, Bento Gonçalves/RS). A
primeira missa foi celebrada na casa de Bernardo Sbardeloto, no morro de
Todos os Santos no ano de 1878. A segunda na casa da família Biason e a
terceira na casa de Antonio Franceschet, no dia 23 de janeiro de 1879.
Nesta data, Franceschet teve a ideia de levantar um oratório com a ajuda
do vizinho Pasqual Pasa.
Eles nunca viram na Itália um padre
celebrar uma missa fora da matriz. Ver a casa transformada em igreja não
parecia certo para a maioria dos moradores. Os dois chefes de família
iniciaram a construção de uma igreja em segredo. Derrubaram um pinheiro,
prepararam o material e construíram um capitel de 12 metros quadrados
com alpendre na entrada, que localizava-se em frente ao atual cemitério
de Caravaggio. A notícia se espalhou rapidamente e ganhou doações em
dinheiro e mão-de-obra, transformando o oratório em capela, que
comportava cerca de 100 pessoas.
Como era comum naquela época, a
escolha do padroeiro gerou certo conflito entre os moradores. Todos
queriam o santo de seus próprios nomes para governar espiritualmente a
comunidade. Alguns sugeriram o nome de Santo Antônio, mas a ideia foi
logo descartada porque o padre não poderia vir rezar a missa no dia do
santo. O motivo? Santo Antônio era o padroeiro da comunidade de Dona
Isabel. Outros sugeriram Nossa Senhora, entretanto, não se sabia qual.
A
princípio foi escolhido o título de Nossa Senhora de Loreto, mas, não
havia imagem da santa. Foi nessa época que Natal Faoro ofereceu como
empréstimo um pequeno quadro com a imagem de Nossa Senhora de
Caravaggio, que trouxera entre os seus pertences da Itália. O empréstimo
duraria até a aquisição de uma imagem. A proposta foi aceita e o
pequeno quadro passou a fazer parte do lugar de honra da capela, sobre
um altarzinho. Esta capela foi inaugurada em 1879, ano I do início da
devoção a Nossa Senhora de Caravaggio e ano primeiro das romarias que
seriam futuramente concorridas e numerosas. Estava lançado o alicerce de
uma comunidade eclesial.
O antigo santuário de Farroupilha.
Na
década seguinte, em mutirão, os imigrantes iniciaram a construção de um
templo de alvenaria. Numa época em que as casas eram fabricadas em
madeira ou pedra, os imigrantes improvisaram uma olaria parta fazer os
tijolos. Pedras só no campanário. A comunidade passou a ser chamada de
Nossa Senhora de Caravaggio, bem como o lugar onde foi erguida a capela,
até 26 de maio de 1921 quando foi elevada pelo bispo de sede paroquial
para Santuário Diocesano. Hoje, a comunidade é composta por cerca de 140
famílias e mais de 650 habitantes. A paróquia de Caravaggio atende a
sete capelas, através do Padre Almir Risson. Em 1959, Nossa Senhora de
Caravaggio foi declarada pela Santa Sé, Padroeira da Diocese de Caxias
do Sul.
A estátua de Nossa Senhora de Caravaggio que encontra-se
no altar do Santuário Diocesano, foi fabricada em Caxias do Sul/RS no
ano de 1885, pelo escultor Pietro Stangherlin. O modelo foi o quadro em
preto e branco, datado de 1724, com a imagem da santa que ocupava o
altar da primeira capela. A imagem foi trazida a pé pelos imigrantes de
Caxias do Sul e colocada no altar da nova igreja, construída em
alvenaria.
A construção do atual Santuário de Caravaggio durou
exatamente 18 anos (1945 - 1963). Imponente, com seu estilo romano e
capacidade para 2 mil pessoas, uma das características mais marcantes da
construção está nos grandes ambientes e na iluminação que preenche as
salas do santuário.
Conforme definição das Irmãs Scalabrinianas,
responsáveis pela assistência aos peregrinos e liturgia, "os espaços
vazios são preenchidos pela fé dos milhares de fiéis que visitam o
Santuário anualmente. Segundo elas, a crença em Nossa Senhora de
Caravaggio aumenta a cada ano. "O povo manifesta o seu carinho e devoção
a Nossa Senhora em pequenos gestos, pequenas homenagens". A grande
quantidade de flores que constantemente são encontradas circundando o
altar, são provas das afirmações.
A administração do Santuário
Diocesano mantém diariamente um sacerdote no atendimento dos fiéis e
missas diárias. Na estrutura, seis salas de confissão e uma para
orientação. E mais, posto de informações e de intenções de missas.
Dentro, existe uma fonte de água (lembrando a Aparição de Nossa
Senhora), benta em 26 de setembro de 1985.
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