



OBATALÁ


CLAUSURA
Euá, filha de OBATALÁ e Nanã, vivia em seu castelo como se estivesse numa clausura.
O amor de OBATALÁ por ela era muito estranho.
A fama da beleza e da castidade da princesa chegou a todas as partes, inclusive ao reino de Xangô.
Mulherengo como era, Xangô planejou como iria seduzir Euá.
Mulherengo como era, Xangô planejou como iria seduzir Euá.
Empregou-se como jardineiro no palácio de OBATALÁ.
Um dia Euá apareceu na janela e admirou-se de Xangô. Nunca havia visto um homem como aquele.
Euá se entregou a Xangô, no entanto, arrependida de seu ato, pediu ao pai que lhe enviasse a um lugar onde nenhum homem lhe enxergasse.
OBATALÁ deu-lhe o reino dos mortos.
OBATALÁ deu-lhe o reino dos mortos.
Desde então é Euá quem, no cemitério, entrega a Oiá os cadáveres que Obaluaiê conduz para que Orisá-Okô os coma.


CRIAÇÃO MAL FEITA
Olorum criou OBATALÁ, Olokum, Oduduá e Orunmilá, depois deu a OBATALÁ a tarefa de criar o mundo, entregando-lhe uma sacola com um pó mágico, mas OBATALÁ, instigado por Orunmilá, que estava zangado por ele não ter cumprido os rituais antes de partir, bebeu muito vinho de palma e adormeceu.
Então, Oduduá roubou a sacola e usou o pó para criar o mundo antes de OBATALÁ acordar.
OBATALÁ foi castigado com a proibição de usar produtos e bebidas alcoólicas.
Como consolação, recebeu uma argila para modelar os humanos, mas como não levou a sério a proibição, continuou bebendo e, nos dias em que se excedia, fazia as pessoas tortas ou mal cozidas. É por isso que os deformados e os albinos são filhos de OBATALÁ.


CRIAÇÃO YORUBÁ DO MUNDO
Olorum, Deus supremo, criou um ser, a partir do ar que havia no início dos tempos e das primeiras águas.
Esse ser encantado, que era todo branco e muito poderoso, foi chamado OBATALÁ.
Logo em seguida, criou um outro orixá que possuía o mesmo poder do primeiro, dando-lhe o nome de Oduduá. Os dois nasceram da vontade de Olorum de criar o universo.
OBATALÁ passou a representar a essência masculina de todos os seres, tornando-se o lado direito de Olorum. Oduduá, por sua vez, teria a essência feminina, e representaria o lado esquerdo.
Outros orixás também foram criados, formando-se um verdadeiro exército a serviço de Olorum, cada um com uma função determinada para executar os planos divinos.
Bará foi o terceiro elemento criado, para ser o elo de ligação entre todos os orixás, e deles com Olorum.
Tornou-se costume prestar-lhe homenagens antes de qualquer outro, pois é ele quem leva as mensagens e carrega os ebós.
Olorum confiou à Ododuá. OBATALÁ a missão de criar a Terra, investindo-o de toda a sabedoria e poderes necessários para o sucesso dessa importante tarefa.
Deu a ele uma cabaça contendo todo axé que seria utilizado.
OBATALÁ, orgulhoso por ter recebido tamanha honraria, achou desnecessário fazer as oferendas a Bará.
Bará, vendo que OBATALÁ partira sem lhe fazer as oferendas, previu que a missão não seria cumprida, pois, mesmo com a cabaça e toda a força do mundo, sem a sua ajuda não conseguiria chegar ao local indicado por Olorum.
A caminhada era longa e difícil, e OBATALÁ começou a sentir sede, mas, devido à importância de sua missão, não podia se dar ao luxo de parar para beber água.
Não aceitou nada do que lhe foi oferecido, nem mesmo quando passou perto de um rio interrompeu a sua jornada. Mais à frente, encontrou uma aldeia, onde lhe ofereceram leite de cabra para saciar sua sede, mas também recusou.
Todos os caminhos pareciam iguais e, depois de andar por muito tempo, sentiu-se perdido.
De repente, ele avistou uma palmeira muito frondosa, logo à sua frente, e OBATALÁ já delirando de tanta sede, atingiu o tronco da palmeira com seu cajado, sorvendo todo o líquido que saía de suas entranhas.
Era vinho de palma. Embriagado pela bebida, desmaiou ali mesmo, ficando desacordado por muito tempo.
Bará avisou Ododuá que OBATALÁ não havia feito as oferendas propiciatórias, por isso não terminaria sua tarefa.
Ela, agindo por conta própria, resolveu consultar um babalaô para realizar devidamente as oferendas.
O sacerdote enumerou uma série de coisas que ela deveria oferecer, entre elas um camaleão, uma pomba, uma galinha com cinco dedos e uma corrente com nove elos. Bará aceitou tudo, mas só ficou com a corrente, devolvendo o restante à Ododuá, pois ela iria precisar mais tarde.
Outros sacrifícios foram realizados, até que Olorum a chamou para procurar OBATALÁ, que havia esquecido o saco da criação com o qual criaria a Terra.
Ododuá, após terminar suas oferendas, foi atrás de OBATALÁ, encontrando-o desacordado próximo ao local onde deveria chegar.
Ao saber que OBATALÁ havia falhado em sua missão, Olorum ordenou que a própria Ododuá prosseguisse naquela tarefa com a ajuda de todos os orixás.
E assim foi feito.
Ododuá pegou o saco da criação e o entregou à pomba, para que voasse em círculo.
A galinha com cinco dedos foi solta, para espalhar aquela imensa quantidade de terra, e, finalmente, o camaleão arrastou-se vagarosamente, para compactá-la e torná-la firme.
Quando OBATALÁ acordou, viu que a Terra já havia sido criada, e não o fora por ele.
Desesperado, correu até Olorum, que o advertiu duramente por não ter reverenciado Bará antes de partir, julgando-se superior a ele.
OBATALÁ, arrependido, implorou perdão.
Olorum, deu-lhe uma nova e importantíssima tarefa, que seria a de criar todos os seres que habitariam a Terra.
Desta vez ele não poderia falhar!
Usando a mesma lama que criou a Terra, OBATALÁ modelou todos os seres, e, insuflando-lhes seu hálito sagrado, deu-lhes a vida.


CRIAÇÃO DO MUNDO
Olodumaré envia 16 divindades menores para criar o mundo.
Entrega a OBATALÁ uma cabaça com areia e uma galinha com cinco dedos.
No caminho OBATALÁ bebe vinho de palma, embriaga-se e adormece.
Aproveitando-se disso Oduduá apossa-se de seus pertences, joga a areia na água e põem a galinha em cima. A ave ciscando espalha a areia e faz nascer a terra firme.
Então as outras divindades vem se juntar a Oduduá.
OBATALÁ acordando da bebedeira, arrepende-se e recebe uma nova chance.
Olodumaré lhe da a tarefa de criar os seres humanos. Mas ele se embebeda novamente e começa a modelar anões, albinos, aleijados, etc...
Oduduá novamente intervém, anulando os seres criados por OBATALÁ e fazendo crescer pessoas perfeitas, fortes e sadias.
Estabelece-se, então, uma grande rivalidade entre OBATALÁ e Oduduá.


DESOBEDIÊNCIA
Havia uma grande fome e faltava comida na Terra. Então OBATALÁ enviou Odé para que ele aí caçasse e provesse o sustento de todos os que estavam sem comida.
Odé caçou tanto, mas tanto, que ficou obsessivo: ele queria matar e destruir tudo o que encontrasse.
OBATALÁ pediu-lhe que parasse de caçar, mas Odé desobedeceu.
Odé continuou caçando. Um dia encontrou uma ave branca, um pombo.
Sem se importar que os animais brancos são de OBATALÁ, Odé matou o pombo.
OBATALÁ voltou a pedir que ele não caçasse mais, porém Odé continuou caçando.
Uma noite Odé encontrou um veado e atirou nele muitas flechas. Mas as flechas não lhe causavam nenhum dano. Odé aproximou-se mais e flechou a cabeça do animal. Nesse momento, o veado se iluminou.
Era OBATALÁ disfarçado, ali, todo flechado por Odé.


IMPETUOSAS BATALHAS
Entre os homens que lutavam com mais valor estavam: Olufandei, que derrubava um oponente atrás do outro; Arishogùn e Alekuso, os quais pisavam forte na terra e infundiam pavor com suas elevadas estaturas e os rostos pintados com expressões ferozes em vivas cores; Obasin que ao morrer seu cavalo de uma lança, se armou de duas espadas e entre alardes quebrava lanças e confundia seus oponentes.
Também estava presente OBATALÁ, com uma faixa vermelha no peito, montado em um corcel branco e acompanhado pelo resto da cavalaria, repartindo talhos a torto e a direito.
Nesta ação, rodeava ao caudilho uma aurora resplandecente que a irradiava o próprio Olorum.
Presente também, estava Azowano em seu cavalo e acompanhado do resto do exército, que a passo ligeiro e com gritos de guerra, disseminavam o desconcerto entre os adversários.
Com fúria e valentia foi aquele herói em direção a onde se aglomeravam o maior número de inimigos, em uma elevação do terreno na que se distinguia o rei contrário dando ordens. E não parou de destruir filas de guerreiros até chegar ao chefe, o qual cortou a cabeça de um só golpe de sabre, e depois, com habilidade incrível, a pendurou em sua arma com o cavalo a galope.
Com sua testa ensanguentada para o alto, se lançou por todo o campo para exibir a cabeça aos inimigos enquanto lhes gritava:
Nagos e Congos, de que vale seguir lutando se está morto vosso rei? Reconheçam nossa vitória e assim evitarão a morte de muitos mais.
Aquela cena foi suficiente para que, apavorados, fugissem os sobreviventes.
Depois dessa batalha, na qual Azowano se encheu de glória com a decapitação do rei inimigo, Oduduá decidiu levantar acampamento sobre uma pequena elevação, onde ofereceram assistência aos guerreiros que se repunham da fadiga. Decidiram reunir o conselho dos chefes para discutir os planos futuros.
Valentes guerreiros, nós temos empenhado o suficiente nestas terras e creio que é o momento de nos garantir, posto que contamos com uma tropa decidida e o apoio dos Orixás. Penso na população que nos segue, não é prudente ir mais ao sul sem uma retaguarda segura.
Em que pensas, Bem Hassan? - inquiriu Azowano, eu desejo seguir avançando e não parar, até contemplar o mar que se estende ao outro lado dos bosques que habitam os nagôs.
Valente irmão, interveio OBATALÁ, reconheço essas idéias que sempre sonhamos, porém devemos valorizar o que nosso rei Oduduá, elegido pelas tribos, nos propõe.
Não aconteça que alguém esqueça os pactos de irmandade.
Dito isto, olhou ao seu redor onde estavam os obás e os chefes das tropas, para detectar se existia algum sinal de desunião, possibilidade que sempre temia, dada a diferença de caracteres reunidos. Por isso recordo a todos a condição de rei de Oduduá e as alianças estabelecidas. Porém não encontrou motivo para seus temores.
Então se levantou a voz de Iemanjá, que disse: - meu irmão, é suficiente, nós lembramos dos compromissos contraídos, junto com o sangue dos sacrifícios regado sobre os atributos sagrados, incluindo o próprio, que cruzaram entre si os caudilhos e guerreiros mortos.
Penso que o grande Olorum deu aos reis duas virtudes que os distinguem da gente comum. A primeira o valor, necessário em toda empresa grandiosa, e a segunda, a prudência, que permita levar ao fim ditas empresas sem arriscar o que já esteja ganho.
Exponha então, nosso rei, qual é o plano que tens em mente?
Vendo Oduduá que todos esperavam, explicou:
Valoroso guerreiro seria vergonhoso que algum tropeço nos fizera regressar a terras nossas, o que diminuiria nosso mérito diante dos nossos filhos que nasçam no futuro, ou nos converteria em fracos diante dos nossos inimigos ao nos ver retroceder.
Porém não é motivo de vergonha que um exército, qualquer que seja o resultado de uma missão, regresse depois à sua cidade fortificada, onde os muros e portões protejam à família e encontrem abundantes alimentos, além da garantia de um difícil acesso ao seu interior. Pois não é o mesmo que um exército nos persiga no descampado, a que tente derrubar uma muralha, e então? - Peguntou OBATALÁ;
Proponho - disse Oduduá - escolher um lugar adequado, onde construir nossa primeira cidade nestas terras e chamar ao resto das tribos que aguardam do outro lado do Niger.
Com elas chegarão artesãos e carpinteiros que trarão seus búfalos e carroças, indispensáveis para o carregamento de troncos e pedras, com as quais se levantará o primeiro muro defensivo, que marcará os limites de uma grande cidade fortificada, a partir da qual começará a se formar a nação que almejamos. Digam agora suas opiniões.
O silêncio seguiu as suas palavras. Contudo a continuação do rumor crescente foi aumentando, até que todos, deleitados, saltaram e gritaram em apoio à proposta.
Pediu a palavra Azowano e disse:
Irmão Oduduá, perdoe se meu caráter ardoroso me leva a dizer coisas inapropriadas.
Apoio suas palavras e reconheço em ti o grande rei das tribos aliadas. Quando começarem as construções organizarei inúmeras batidas na planície e os habitantes não carecerão de suficiente carne.
Eu me ocuparei - disse Iemanjà - de trazer abundante pescado do Nìger, com o auxílio de minha irmã Oià.
Se me permitem, - comentou o grande Ossaim - escolherei na planície um sítio onde exista a possibilidade de construir poços e fontes que vertam água fresca; e traçarei, com a ajuda do Rei, as ruas e limites da cidade.
OBATALÁ escolheu um charmoso lugar onde existia uma extensão ligeiramente elevada na qual abundavam pedras de grande tamanho e promontórios rochosos, perto de um verdejante bosque com madeira suficiente para construir a almejada cidade, onde todos sem importar a diferença de caracteres poderiam viver em paz e harmonia.
Dados que foram recolhidos e anotados pelo mestre ORUMILÁ em seus livros sagrados.


FOGO NAS VENTAS
Xangô, filho de OBATALÁ, era um jovem rebelde e vez por outra saía pelo mundo botando fogo pela boca, queimando cidades e fazendo arruaça.
Seu pai, OBATALÁ, era informado de seus atos, recebendo queixas de todas as partes da terra.
OBATALÁ alegava que seu filho era como era por não haver sido criado junto dele, mas que, algum dia, conseguiria dominá-lo.
Certo dia, estando Xangô na casa de Obá, deixou seu cavalo branco amarrado junto à porta da casa.
OBATALÁ e Oduduá passaram por lá, viram o animal de Xangô, e o levaram com eles.
Ao sair, Xangô percebeu o roubo e enfurecido saiu em busca do animal, perguntando aqui e acolá.
Chegando a uma vila próxima dali, informaram-lhe que dois velhos estavam levando consigo seu animal, o que deixou Xangô ainda mais colérico.
Xangô alcançou os dois velhos e ao tentar agredi-los percebeu que eram OBATALÁ e Oduduá.
OBATALÁ levantou seu opaxorô e ordenou: “Sangò kunlé, foribalé”.
Xangô desarmado atirou-se ao chão em total submissão à OBATALÁ.
Xangô tinha consigo seu colar de contas vermelhas, que OBATALÁ arrebentou e misturou a elas suas contas brancas dizendo:
“Isto é para que toda a terra saiba que você é meu filho”.


MUDANÇA RADICAL
Euá era filha de OBATALÁ e vivia com o pai em seu palácio.
Era uma jovem linda, inteligente e casta.
Euá nunca havia demonstrado interesse por homem algum. Um dia, chegou ao reino um jovem de nome Boromu. Dias depois todos já cochichavam que Euá estava enamorada do forasteiro.
OBATALÁ riu-se da história, pois confiava em sua filha.
OBATALÁ garantiu que ela ainda era uma flor nova e não queria experimentar desse encanto.
Passado algum tempo, Euá mudou. Tornou-se Euá triste, distante, distraída.
OBATALÁ fez tudo para fazer a filha novamente feliz e enviou a filha à terra dos homens.
Ele não sabia que Euá carregava um filho em seu ventre.
Uma noite, Euá sentiu as dores do parto e fugiu do palácio. O rei foi informado do sumiço de Euá e logo mobilizou todo o reino para encontrar sua filha.
Boromu soube da fuga e partiu para procurá-la. Acabou por encontrar Euá desfalecida no chão de terra, coberta apenas por uma saia bordada com búzios.
Euá despertou e contou-lhe o ocorrido.
Fugira com vergonha de apresentar-se ao rei.
Euá sentiu então a falta do rebento e perguntou por ele a Boromu.
Boromu, querendo que Euá retornasse ao palácio, escondera o recém-nascido na floresta. Mas quando o procurou já não mais o encontrou. Pois perto do lugar onde deixou o filho, vivia Iemanjá.
E Iemanjá escutou o pranto do bebê, o acolheu e prometeu criá-lo como seu próprio filho.
Euá nunca mais encontrou seu filho.
Tempos depois EUÁ foi ao palácio pedir perdão ao pai OBATALÁ, mas o rei ainda estava irado e a expulsou de casa.
Naquele dia Euá partiu envergonhada. Cobriu seu rosto com a mesma saia bordada de búzios e foi viver no cemitério, longe de todos os seres vivos. E nunca mais viu seu filho, ele foi criado por Iemanjá.
Ninguém sabe quem é a mulher do cemitério, de onde vem e por que ali está. Tudo o que ocorreu é o seu segredo.


NASCIMENTO
No princípio do tempo OBATALÁ com suas vestes de céu e Oduduá, a mãe-terra uniram-se.
Deste amor nasceu Aganjú: forte com sua carcaça de pedra e Iemanjá em suas vestes de gota-de-água.
Um milênio durou este amor.
E dele nasceu Iorugã .Quando Iemanjá estava dormindo Iorugã, ardendo de desejo, correu para ela. Iemanjá desesperada, corre e cai. E do seu corpo neste momento nasceu os demais orixás.


NO COMEÇO DO MUNDO
Um dia, no começo do mundo, dois homens, Akite e Akule, começaram a brigar muito por causa de uma fruta.
A briga acabou por envolver os humanos, Eguns, orixás, os animais.
No melhor da briga, chegou Bará.
Da maneira rápida e matreira tão própria dele, tirou do bolso um pó, misturou com terra e soprou na multidão.
Veio um temporal de vento, relâmpagos, trovões e chuva chamado adarrum, que ficou sendo o toque de guerra dos orixás.
Quando os orixás estão no orun e escutam o adarrum vem correndo para ver o que é que esta acontecendo na terra.
Naquele momento veio um raio e matou Akule, e todos acharam que foi uma armadilha.
Veio uma pedrada e matou Akile, e todos acharam que foi coisa feita.
Os iwins ficaram devastados com essa guerra, que aniquilou os habitantes da Terra.
OBATALÁ, chefe dos iwins, foi falar com seu pai Olofin, senhor do infinito, e contou tudo que se passara e passava.
Olofin se comoveu e, mandou chamar a árvore Irokô, única sobrevivente da espécie, e fez Irokô crescer.
Quando chegou ao céu, Olofin lançou sobre ela uma nuvem branca, interrompendo o crescimento.
Olofin tirou um galho da árvore e entregou ao filho e disse que segurando aquele galho, feito um bastão, ele poderia voltar a Terra. Deu ao cajado o nome de opaxorô.


OLEIRO
Quis então OBATALÁ criar os homens.
Ajalá, o orixá oleiro foi incumbido de moldar as cabeças dos homens com a lama do fundo dor rios e outros elementos da natureza.
Ajalá moldava as cabeças e as punha para assar em seu forno.
Mas Ajalá tinha o hábito de embriagar-se enquanto cozia o barro, e criou muitas cabeças defeituosas, queimando algumas e deixando outras com o barro cru.
Depois que Ajalá terminava de fazer os oris (cabeças) OBATALÁ soprava nelas e lhes dava eni, a vida.
Assim surgiram a terra e os homens, sob o domínio dos orixás.


SERVIÇO INCOMPLETO
OBATALÁ e Oduduá viviam rosnando o tempo todo, em eterna competição.
Sabendo que Euá executava com sucesso a tarefa determinada por Oduduá de dar forma ao aiê, OBATALÁ encarregou-a de plantar os seres vegetais na terra.
Entregou a ela um grande saco cheio de sementes de todas as espécies de plantas.
Euá se transformou na galinha de cinco dedos e assim, ciscando, ciscando, percorreu toda a fase da terra, espalhando as sementes.
A galinha de cinco dedos não conseguiu espalhar quantidade igual de sementes pelos quatro cantos do mundo.


MAIS PODEROSO
OBATALÁ e Bará discutiam a respeito de quem era o mais antigo deles.
Bará, decididamente, insiste em ser o mais velho.
OBATALÁ, também, proclama com veemência que já estava no mundo quando Bará fora criado.
O desentendimento entre eles era tanto que foram convidados a lutarem entre si, perante os outros Imales.
Ifá foi consultado pelos adversários e foram, ambos, orientados a fazer oferendas.
OBATALÁ fez as oferendas determinadas.
Bará negligenciou a determinação.
Chega o dia da luta.
OBATALÁ apoiado em seu poder e Bará contando com sua magia aliada à força de seus talismãs.
Todos os Imales estavam reunidos na praça de Ifé.
OBATALÁ deu uma palmada em Bará, ele caiu sentado.
Os Imales gritam:
Epa!!!!
Bará sacudiu-se e levantou-se.
OBATALÁ bateu-lhe sobre a cabeça, e ele tornou-se anão.
Os Imales gritaram:
Epa!!!!
Bará sacudiu-se e recuperou seu tamanho.
OBATALÁ tomou a cabeça de Bará e sacudiu-a com violência.
A cabeça de Bará tornou-se enorme, maior que seu corpo.
Os imales gritaram:
Epa!!!!!!
Bará esfregou a cabeça com as mãos e esta voltou ao tamanho normal.
Os Imales disseram:
Que Bará mostre, pôr sua vez, seu poder sobre OBATALÁ.
Bará caminhava pra lá e pra cá, ele bateu na própria cabeça e dela extraiu uma pequena cabaça.
Ele a abriu repentinamente e a virou na direção de OBATALÁ.
Uma nuvem de fumaça branca saiu da cabeça e descoloriu OBATALÁ.
Os Imale gritaram:
Epa!!!!!
OBATALÁ esfregou-se, tentando readquirir sua antiga cor, mas foi em vão.
OBATALÁ então, desfez o turbante enrolado em sua cabeça e, tirou seu axé.
Tocou com ele sua boca e chamou pôr Bará.
Bará respondeu de maneira afirmativa.
OBATALÁ ordena-lhe:
Venha aqui, e traga sua cabacinha.
Bará o obedece sem contestar. OBATALÁ a toma de suas mãos com firmeza, e a joga dentro de seu saco.
Os Imales gritam:
Epa!!!!!
E dizem:
OBATALÁ é, sem dúvida, o senhor do poder.
O senhor da iniciativa e do poder (alabalase)
Tu és maior que Bará.
Tu é maior que todos os Orixás.
O poder de OBATALÁ ultrapassa o dos demais.
Bará não tem mais poder a exercer.
OBATALÁ tomou a cabaça que ele utilizava para o seu poder.
E é esta cabaça que OBATALÁ utiliza para transformar os seres humanos em albinos, fazendo assim os brancos até hoje.


RECOMPENSA
OBATALÁ reuniu todos os materiais necessários à criação do mundo e mandou a estrela da manhã convocar todos os orixás.
Apenas Orunmilá apareceu. Por isso OBATALÁ o recompensou, permitindo que apenas ele conhecesse os segredos da criação e do porvir.
E foi assim que a estrela da manhã revelou a Orunmilá que todos os segredos e materiais da criação se encontravam numa concha de caramujo, dentro de um vaso que ficava entre as pernas de OBATALÁ.
Orunmilá tornou-se então, dono dos segredos, das magias e conhecedor do futuro, das vontades, aquele que sabe a vontade de OBATALÁ e de todos os orixás, o que sabe com que matéria cada homem foi feito.


SOLIDÃO
Naquele tempo Etú era inteiramente preta e vivia só e infeliz dentro da mata.
Para resolver seus problemas de solidão, foi consultar o adivinho de OBATALÁ para que lhe indicasse um ebó que lhe permitisse conseguir uma companheira como todos os demais bichos possuíam.
Chegando à casa do adivinho, o pobre animal não foi por Ele recebido porque, sendo completamente preto, não poderia entrar numa casa onde o Orixá do Branco era cultuado, pois a cor preta era considerada como uma grande ofensa.
Desolado, o bicho que apesar de viver só era muito rico, reuniu uma grande quantidade de alimentos e saiu sem rumo, na esperança de encontrar em outro lugar qualquer, alguém que lhe fizesse companhia.
Depois de muito caminhar encontrou, numa clareira, um velho muito estropiado que gemendo, estendeu-lhe as mãos dizendo:
>Dá-me um pouco de comida e de água, pois estou exausto e já não posso conseguir alimento para minha própria sobrevivência.
Etú serviu de seu próprio alimento ao velho e saciou-lhe a sede com a água que trazia dentro de uma cabaça.
Logo que acabou de comer, o pobre velho, de tão enfraquecido, caiu em sono profundo e, ao despertar muitas horas depois, deparou com Etú que preocupado, velava por seu sono.
Já refeito, o velho perguntou: "Que fazes sozinho no interior desta floresta? Não sabes que ela é sagrada e que só os iniciados podem adentrá-la?"
>Ando sem destino. Nasci só e sempre vivi só. Minha aparência é muito repugnante e minha feiúra impede que as pessoas permitam que me aproxime delas.<
Replicou a ave.
Tua feiúra exterior nada é, comparada com tua beleza interior.
Aproxima-te mais e, como recompensa pela tua bondade, modificarei um pouco a tua aparência.
- Ordenou o velho.
Pegando pó de efun o velho, que outro não era que o próprio OBATALÁ, soprou sobre o corpo de Etú deixando-o, a partir de então, todo pintado.
Reunindo alguns elementos sagrados, modelou um cone que colocou no alto de sua cabeça dizendo:
>A partir de hoje, serás o animal mais importante na religião dos Orixás, nada poderá ser feito sem a tua colaboração e, como sinal desta importância, serás o único dentre os seres vivos a portar o osu, símbolo da aliança formalizada entre o iniciado e seu Orixá.
Possuirás, alem disto, tantas fêmeas quantas quiseres e tua prole será numerosa e se espalhará sobre a Terra.
Por este motivo a galinha d'angola possui o corpo coberto de pintas e carrega sobre a cabeça uma crista cônica, assemelhando-se ao neófito durante o ritual da iniciação.


TERRA PROMETIDA
Terra era então um vasto oceano e os orixás desejavam conhecê-lo.
OBATALÁ encarregou Oxalá de descer ao ayé, a metade inferior da cabaça, e espalhar o pó preto que formaria a terra firme.
Entregou a ele o saco com o pó preto e uma galinha.
Oxalá então partiu em viagem, mas no meio da caminho sentiu sede.
Bará, vendo que Oxalá sentia sede, ofereceu-lhe vinho de palma e Oxalá bebeu. E tanto vinho bebeu Oxalá que embriagou-se e caiu em sono profundo.
Bará tomou de Oxalá o saco da criação e o levou a OBATALÁ, a quem contou que Oxalá bebera e negligenciara sua tarefa.
OBATALÁ então entregou o saco da criação a Oduduá, que com ele desceu à terra, jogou o pó preto sobre o oceano e tornando-se ela mesma uma galinha, ciscou o pó preto até que se formaram os continentes e toda a terra firme que há.
Essa terra firme é Aganju, filho de Oduduá e Iemanjá. OBATALÁ criou então um grande dendezeiro, pelo qual desceram à terra todos os orixás, cada um escolhendo uma parte do mundo que lhe agradava, e que passou a ser de seu domínio.
Assim, Oxum e Obá escolheram as águas doces; Iansã quis os ventos; Xangô os trovões e as cachoeiras; Obaluaiê a terra firme; Nanã a lama dos fundos dos rios e os abismos, Ogum quis as montanhas e os minérios; Odé as matas e florestas; Oxumarê o arco-íris; Euá os horizontes. Apenas Bará não sabia o que escolher, pois tudo e nada lhe agradava.
E considerou-se assim, dono de tudo um pouco, com o que os demais orixás concordaram.
Desse modo o mundo foi criado e dividido entre os orixás, e é por isto que cada um detêm o domínio de uma parte da natureza.


VISITANTE ILUSTRE
OBATALÁ resolveu visitar o seu filho, Xangô.
Ifá disse que ele correria perigo na viagem; mandou levar 3 mudas de roupa, sabão e ori ; e recomendou que não brigasse com ninguém na viagem, OBATALÁ encontrou Bará, que o abraçou e sujou de óleo de palma; controlando-se para não brigar, ele se lavou, vestiu roupa limpa e despachou a suja com ori.
Isso se repetiu com Bará Eledá, que o sujou de carvão, e com Bará Aladi, que o sujou com óleo de caroço de dendê.
Adiante, encontrou um cavalo que havia dado ao filho Xangô quando o pegou, os criados de Xangô chegaram, pensaram que ele estava roubando o animal e o jogaram na prisão, onde ficou por 7 anos.
Nesse tempo, o reino sofreu seca, os alimentos acabaram e as mulheres ficaram estéreis.
Ifá disse que a causa era a prisão de um inocente.
Xangô mandou revistar as prisões e reconheceu o pai.
Ele mesmo o lavou e vestiu, e então o reino voltou a ser próspero.
CONTATO
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EU SOU OGAM SOU DE ANGOLA, MEU OBJETIVO É SEMPRE APRENDER MAS E AKI EU POSSO APRENDER CADA DIA MAS .......
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