Bom dia

Bom dia

Relógio

Peregrino na Estrada da Vida

Peregrino na Estrada da Vida
Peregrino na Estrada da Vida

Facebook

Facebook
Facebook Rakaama

Twitter

Twitter
@Pjrakaama

Pode copiar

Pode copiar

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Lenda do Orixá Odé

LENDA dos ORIXÁS





ODÉ


ÁGUA PROFUNDA

Havia um caçador chamado ODÉ, o grande caçador de elefantes.
Um dia uma mulher passava perto de um rio e ali perto, junto ao bosque, avistou o caçador.
Ele pediu a ela que lhe desse água para beber, a mulher entrou no rio até a altura dos joelhos e, quando se inclinou para apanhar água, ouviu de ERINLÉ a ordem de que entrasse mais fundo.

Mais fundo no rio entrou a mulher, mas percebendo que o rio ia afogá-la, saiu imediatamente da água, com medo de ser morta.
Ela ouviu então a voz do caçador, que era o próprio rio, reclamando que ela não trazia oferenda alguma, ela queria recolher sua água, mas nada lhe dava em troca.
Ninguém pode entrar no rio profundo sem trazer presentes, tempos depois, quando ERINLÉ foi cultuado como Orixá, seus seguidores o chamaram de IBUALAMA, que quer dizer "Água Profunda".






AMOR E ÓDIO


Xangô seduz Oxum, raptando-a do palácio de seu pai.
Outras lendas dizem que Xangô tomo-a de Ogum, mas que eles mantiveram uma relação esporádica como amantes.
Iansã foi mulher de Ogum, mas foi embora com Xangô.
Oxum seduziu Iansã, mas logo abandonou-a e temos finalmente a versão de uma relação entre Ogum e ODÉ, que apesar disto continuaram suas vidas solitárias na floresta.
Iemanjá casou com Orixalá, mas o traiu com Orunmilá .
Xangô casou com Iansã, embora ele detestasse Egum e ela detestava carneiro.




CIDADE ESTRANHA

Oxum conheceu o príncipe ODÉ, cuja a delicadeza e a finura a cativaram, acabaram se casando.
O casamento foi muito festejado, mas assim que começaram a vida íntima, Oxum começou a compreender mais profundamente os pensamentos do esposo.
Ele queria construir uma cidade destinada a abrigar odadis e alakuatás (homossexuais masculinos e femininos).
Já erguida a cidade, nasceu Logum, uma criança hemafrodita.
Horrorizada Oxum abandonou a cidade dos Odadis.
O jovem ficou ali e foi o primeiro a ajudar Orunmilá.
Enquanto isso Oxum faz uma viagem em busca de Iemanjá, irmã de sua mãe.
Oxum ofereceu-se a sua irmã e aos sacerdotes Iorubás a ir buscar Ogum que estava recluso na mata desde a que perdera a disputa com Xangô por causa da Oiá.
Retornando ao palácio de Iemanjá, depois da festa de boas vindas a Ogum, Oxum conheceu Obaluaiê, homem já de certa idade, mas de aspecto majestoso e viril.
Oxum e Obaluaiê casaram-se e partiram para a terra de jejes onde Obaluaiê era rei.




CONDENAÇÃO


Oxum teve um filho com ODÉ..
Quando nasceu recebeu de seu pai um encantamento que permitia ser por seis meses homem e seis meses mulher.
Nunca ninguém soube deste segredo, pois seus pais viviam viajando.
Assim quem o conhecia como mulher não o conhecia como homem.
Um dia sua forma positiva procurou um babalaô para iniciar-se no culto. O jogo sempre deixava dúvidas até que Orunmilá manifestou-se negativamente .
Mas o babalaô por teimosia iniciou-o assim mesmo.
Após seis meses Logunedé disse ao babá que teria que fazer uma viagem de seis meses.
 Nesse período estaria na forma feminina e um dia passeando no mercado como mulher, por causalidade, o babá a viu no mercado e apaixonou-se e casou com ela.
A cabo de seis meses a mesma desculpa para poder assumir a forma masculina.
Só que o babalaô a possuía com muita intensidade que na manhã que teria que partir adormeceu e quando ambos acordaram Logunedé estava na forma masculina.
Ifá condenou-o a morte a menos que o encanto fosse desfeito.



DESENTENDIMENTO


Oiá andava pelo mundo disfarçada de novilha.
Um dia ODÉ a viu sem a pele e se apaixonou.
Casou-se com Oiá e escondeu a pele da novilha, para ela não fugir dele.
Oiá teve dezesseis filhos com ODÉ.
Oxum, que era a primeira esposa de ODÉ e que não tinha filhos, foi quem criou todos os filhos de Oiá.
O primeiro a nascer chamou-se Togum.
Depois nasceram os gêmeos, os Ibejis, e depois deles, Idoú.
Nasceu depois uma menina Alabá, seguida do menino Odobé.
E depois os demais filhos de Oiá e ODÉ.
Os meninos pareciam-se com o pai, as meninas, com a mãe.
Oiá tinha os filhos que Oxum criava e assim viviam na casa de ODÉ.
Um dia as duas mães se desentenderam.
Oxum mostrou a Oiá onde estava sua pele.
Oiá recuperou a pele de novilha, reassumiu sua forma animal e fugiu.






DESOBEDIÊNCIA

ODÉ era irmão de Ogum e de Bará, todos os três filhos de Iemanjá.
Bará era indisciplinado e insolente com sua mãe e por isso ela o mandou embora.
Os outros dois filhos se conduziam melhor.
Ogum trabalhava no campo e ODÉ caçava na floresta das vizinhanças, de modo que a casa estava sempre abastecida de produtos agrícolas e de caça.
Iemanjá, no entanto, andava inquieta e resolveu consultar um babalaô.
Este lhe aconselhou proibir que ODÉ saísse à caça, pois se arriscava a encontrar Ossaim, aquele que detém o poder das plantas e que vivia nas profundezas da floresta.
ODÉ ficaria exposto a um feitiço de Ossaim para obrigá-lo a permanecer em sua companhia.
Iemanjá exigiu então, que ODÉ renunciasse a suas atividades de caçador.
Este, porém, de personalidade independente, continuou sua incursões à floresta.
Certa tarde, ODÉ não voltou para o reencontro, nem respondeu aos apelos dos caçadores.
Ele havia encontrado Ossaim e este lhe dera para beber uma poção onde foram maceradas certas folhas, como amúnimúyè, o que provocou em ODÉ uma amnésia.
Ele não sabia mais quem era nem onde morava.
Ficou, então, vivendo na mata com Ossaim, como predissera o babalaô.
Ogum, inquieto com a ausência do irmão, partiu à sua procura, encontrando-o nas profundezas da floresta.
Ele o trouxe, mas Iemanjá não quis receber o filho desobediente.
Ogum revoltado pela intransigência materna recusou-se a continuar em casa.
ODÉ voltou para a companhia de Ossaim, e Iemanjá desesperada por ter perdido seus filhos, transformou-se num rio.



 
 DOMÍNIO

No início dos tempos, cada orixá dominava um elemento da natureza, não permitindo que nada, nem ninguém, o invadisse.
Guardavam sua sabedoria como a um tesouro.
É nesse contexto que vivia a mãe das água doces, Oxum, e o grande caçador ODÈ.
Esses dois orixás constantemente discutiam sobre os limites de seus respectivos reinados, que eram muito próximos.
ODÈ ficava extremamente irritado quando o volume das águas aumentavam e transbordavam de seus recipientes naturais, fazendo alagar toda a floresta.
Oxum argumentava, junto a ele, que sua água era necessária à irrigação e fertilização da terra, missão que recebera de Olorun.
ODÈ não lhe dava ouvidos, dizendo que sua caça iria desaparecer com a inundação.
Olorun resolveu intervir nessa guerra, separando bruscamente esses reinados, para tentar apaziguá-los.
A floresta de ODÈ logo começou a sentir os efeitos da ausência das águas.
A vegetação, que era exuberante, começou a secar, pois a terra não era mais fértil.
Os animais não conseguiam encontrar comida e faltava água para beber. A mata estava morrendo e as caças tornavam-se cada vez mais raras.
ODÈ não se desesperou, achando que poderia encontrar alimento em outro lugar.
Oxum, por sua vez, sentia-se muito só, sem a companhia das plantas e dos animais da floresta, mas também não se abalava, pois ainda podia contar com a companhia de seus filhos peixes para confortá-la.
ODÈ andou pelas matas e florestas da Terra, mas não conseguia encontrar caça em lugar algum.
Em todos os lugares encontrava o mesmo cenário desolador.
A floresta estava morrendo e ele não podia fazer nada.
Desesperado, foi até Olorun pedir ajuda para salvar seu reinado, que estava definhando.
O maior sábio de todos explicou-lhe que a falta d’água estava matando a floresta, mas não poderia ajudá-lo, pois o que fez foi necessário para acabar com a guerra.
A única salvação era a reconciliação.
ODÈ, então, colocou seu orgulho de lado e foi procurar Oxum, propondo a ela uma trégua.
Como era de costume, ela não aceitou a proposta na primeira tentativa.
Oxum queria que ODÉ se desculpasse, reconhecendo suas qualidades.
Ele, então, compreendeu que seus reinos não poderiam sobreviver separados, unindo-se novamente, com a benção de Olorun.
Dessa união nasceu um novo orixá, um orixá príncipe, Logunedé, que iria consolidar esse "casamento", bem como abrandar os ímpetos de seus pais.
Logunedé sempre ficou entre os dois, fixando-se nas margens das águas, onde havia uma vegetação abundante. Sua intervenção era importante para evitar as cheias, bem como a estiagem prolongada. Ele procurava manter o equilíbrio da natureza, agindo sempre da melhor maneira para estabelecer a paz e a fertilidade.



ENFEITIÇADO


ODÉ, em uma de suas caçadas, teria sido enfeitiçado pelo seu irmão Ossaim, apesar dos avisos de sua mãe Iemanjá, para que tivesse cuidado.
ODÉ então afasta-se da família até que o encanto seja quebrado, quando volta, encontra sua mãe Iemanjá ainda irritada pela atitude do filho em não tê-la ouvido.
ODÉ retorna a floresta sob a influência de Ossaim, o que faz com que Ogum se rebele contra a própria mãe.
ODÉ, aprendeu todos os segredos da mata com seu irmão Ossaim e é ele quem defende o acesso às plantas, dificultando a entrada no mato daqueles que não tem o preparo devido.





PREVISÃO


ODÉ chegou a sua aldeia, quase arriando pelo peso da capanga, das cabaças vazias e pelo cansaço de rastrear a caça rara.
Oxum, sua mulher e mãe de seu filho, olhou para ele e pensou: só caçou desgraça.
Pois a desgraça para ODÉ foi prevista por Ifá, que ele alertou Oxum.
Porém, quando ela contou a ODÉ sobre essa previsão, ele disse que a desgraça era a fome, a mulher sem leite e a criança sem carinho.
E que desgraça maior era o medo do homem.
Quando ODÉ se aproximou de Oxum, ela notou que ele trazia algo na capanga, sentiu medo e alegria.
Havia caça na capanga do marido e ela imaginou se seria um bicho de pelo ou de pena.
Ansiosa, perguntou a ele, que respondeu: Trago a carne que rasteja na terra e na água, na mata e no rio, o bicho que se enrosca em si mesmo.
Falando isto retirou da capanga os pedaços de uma grande Dan.
O bicho revirava a cabeça e os olhos, agitava a língua partida e cantava triste:
Não sou bicho de pena para ODÉ matar.
A grande Dan pertencia a Xangô e ODÉ não poderia matá-la.
Oxum fugiu temendo a vingança de Xangô, indo até Ifá que disse: A justiça será feita, assim o corpo de ODÉ irá desaparecer, desaparecerá da memória de Oxumarê e a quizila desaparecerá da vingança de Xangô.


 
EXCLUIDO

Logunedé era filho de Oxum e ODÉ.
Sem poder viver no palácio de Oxum, foi criado por Oiá na beira do rio.
ODÉ seu pai, era demasiado rude e não conseguia conviver com o filho, sumindo por longo tempo em suas caçadas. Logunedé, afeiçoado pela mãe, vez por outra ia ao palácio de Xangô, onde Oxum vivia.
Logunedé vestia-se de mulher, pois Xangô era ciumento e não permitia a entrada de homens em sua morada.
Assim, Logunedé passava dias e dias vestido de mulher, mas na companhia de sua mãe e das outras rainhas.
Um dia houve uma grande festa no orun à qual todos os orixás compareceram com seus melhores trajes.

Logunedé, que vivia na beira do rio a caçar e pescar não possuía trajes belos. Foi então que vestiu-se com as roupas que Oxum lhe dera para disfarçar-se e com elas foi à grande recepção.
Ao chegar, todos ficaram admirados com a beleza de Logunedé, e perguntavam:
-Quem é esta formosura tão parecida com Oxum?
Ifá, muito curioso, chegou perto do rapaz e levantou o filá que cobria seu rosto.
Logunedé ficou desesperado e saiu da festa correndo, com medo que todos descobrissem sua farsa.
Entrou na floresta correndo e foi avistado por ODÉ que o seguiu, sem reconhecê-lo, encantado com sua beleza. Logunedé, de tanto correr fugindo à perseguição do caçador, caiu cansado.
ODÉ então atirou-se sobre ele e possuiu-o ali mesmo.



FLEXA CONTRA O PEITO

Olodumare chamou Orunmilá e o incumbiu de trazer-lhe uma codorna.
Orunmilá explicou-lhe as dificuldades de se caçar codorna e rogou-lhe que lhe desse outra missão. Não adiantou e Orunmilá partiu mundo afora a fim de saciar a vontade do seu Senhor.
Orunmilá embrenhou-se em todos os cantos da Terra. Passou por muitas dificuldades, andou por povos distantes. Muitas vezes foi motivo de deboche e negativas acerca do que pretendia conseguir. Já desistindo do intento e resignado a receber de Olodumare o castigo que por certo merecia, Orunmilá se pôs no caminho de volta. Estava cansado e decepcionado consigo mesmo.
Entrou por um atalho e ouviu o som de cânticos.
A cada passo, Orunmilá sentia suas forças se renovando. Sentia que algo de novo ocorreria.
Chegou a um povoado onde os tambores tocavam louvores a Xangô, Iemanjá, Oxum e Obatalá. No meio da roda, bailava uma linda rainha.
Era Oxum, que acompanhava com sua dança toda aquela celebração. Bailando a seu lado estava um jovem corpulento e viril.
Era ODÉ, o grande caçador.
Orunmilá apresentou-se e disse da sua vontade de falar com aquele caçador. Todos se curvaram perante sua autoridade e trataram de trazer ODÉ à sua presença.
O velho adivinho dirigiu-se a ODÉ e disse que Olodumare o havia encarregado de conseguir uma codorna.
Seria esta, agora, a missão de ODÉ.
ODÉ ficou lisonjeado com a honrosa tarefa e prometeu trazer a caça na manhã seguinte. Assim ficou combinado.
Na manhã seguinte, Orunmilá se dirigiu à casa de ODÉ. Para sua surpresa, o caçador apareceu na porta irado e assustado, dizendo que lhe haviam roubado a caça.
ODÉ, desorientado, perguntou à sua mãe sobre a codorna, e ela respondeu com ares de desprezo, dizendo que não estava interessada naquilo.
Orunmilá exigiu que ODÉ lhe trouxesse outra codorna, senão não receberia o axé de Olodumare.
ODÉ caçou outra codorna, guardando-a no embornal. Procurou Orunmilá e ambos dirigiram-se ao palácio de Olodumare no Orum.
Entregaram a codorna ao Senhor do Mundo.
De soslaio Olodumare olhou para ODÉ e, estendendo seu braço direito, fez dele o rei dos caçadores.

Agradecido a Olodumare e agarrado a seu arco, Oxóssi disparou uma flecha ao azar e disse que aquela deveria ser cravada no coração de quem havia roubado a primeira codorna.
ODÉ desceu à Terra. Ao chegar em casa encontrou a mãe morta com uma flecha cravada no peito.
Desesperado, pôs-se a gritar e por um bom tempo ficou de joelhos inconformado com seu ato.
Negou, dali em diante, o título que recebera de Olodumare.





GRAVIDEZ

Um dia Oxum conheceu o caçador ODÉ e por ele se apaixonou perdidamente.
Mas ODÉ não quis saber de Oxum.
Oxum não desistiu e procurou um babalaô.
Ele disse que ODÉ só se sentia atraído pelas mulheres da floresta, nunca pelas do rio.
Oxum pagou o babalaô e arquitetou um plano: embebeu seu corpo em mel e rolou pelo chão da mata.
Agora sim, disfarçada de mulher da mata, procurou de novo seu amor.
ODÉ se apaixonou por ela no momento em que a viu. Esquecendo-se das palavras do adivinho, Oxum convidou ODÉ para um banho no rio.

Mas as águas lavaram o mel de seu corpo e as folhas do disfarce se desprenderam.
ODÉ percebeu imediatamente como tinha sido enganado e abandonou Oxum para sempre.
Foi-se embora sem olhar para trás. Oxum estava grávida; deu à luz a Logunedé.





LADRÃO DE CABRAS E OVELHAS

Em Ijebu viveu um caçador chamado Erinlé, ele era generoso e imbatível na caça, por isso era admirado pela maioria da população, mas havia alguns moradores que invejavam Erinlé e que conspirava para arruinar o caçador, famoso pela caça de elefantes e de outros animais.

Decidiram roubar cabras e ovelhas do rei e culpar Erinlé, o rei intimou quem soubesse algo sobre o roubo a dizê-lo, os conspiradores foram até o rei fazer a acusação, disseram que Erinlé roubava cabras e ovelhas, escondia as peles em casa e dizia que as carnes eram de animais selvagens.
O rei quis ouvir a defesa de Erinlé, houve testemunhos a favor dele, diante do impasse, o rei ponderou que Erinlé parecia ser de fato um grande caçador, mas teria que provar sua inocência.
Erinlé disse: Minha caça falará por mim. Minha caça será minha testemunha.
Erinlé foi até sua casa e trouxe coisas para o rei, Erinlé trouxe as peles dos animais selvagens que havia caçado presas de elefantes e de javalis, peles de gamos, veados e antílopes.
Então o rei reconheceu a inocência de Erinlé e ordenou que ninguém mais tocasse no assunto, Erinlé foi para casa, inocentado, porém triste. Erinlé nunca se conformou com a acusação que sofrera, Erinlé pensava e não entendia a razão de tentarem desgraçá-lo, não quis mais caçar nem comer com os seus.
Erinlé perdera completamente a vontade de caçar, então entrou na água de um rio próximo e partiu de Ijebu, onde nunca mais foi visto, E se tornou o Orixá do rio.
Erinlé agora é o rio, o rio Erinlé é Erinlé, o Orixá caçador que já não caça.




LIÇÃO de VIDA

ODÉ é irmão de Ogun.
Ogun tem pelo irmão um afeto especial.
Num dia em que voltava da batalha, Ogun encontrou o irmão temeroso e sem reação, cercado de inimigos que já tinham destruído quase toda a aldeia e que estavam prestes a atingir sua família e tomar suas terras.
Ogun vinha cansado de outra guerra, mas ficou irado e sedento de vingança.
Partiu na direção dos inimigos. Com sua espada de ferro pelejou até o amanhecer.
Quando por fim venceu os invasores, sentou-se com o irmão e o tranqüilizou com sua proteção.
Sempre que houvesse necessidade ele iria até seu encontro para auxiliá-lo.
Ogun então ensinou ODÉ a caçar, a abrir caminhos pela floresta e matas cerradas.
ODÉ aprendeu com o irmão a nobre arte da caça, sem a qual a vida é muito mais difícil.
Ogun ensinou ODÉ a defender-se por si próprio e ensinou ODÉ a cuidar da sua gente.
Ogun podia voltar tranqüilo para a guerra.
Ogun fez de ODÉ o provedor.





O CEGO QUE ENXERGAVA

A cada ano, após a colheita, o rei de Ijexá saudava a abundância de alimentos com uma festa, oferecendo à população inhame, milho e coco.
O rei comemorava com sua família e seus súditos; só as feiticeiras não eram convidadas. Furiosas com a desconsideração enviaram à festa um pássaro gigante que pousou no teto do palácio, encobrindo-o e impedindo que a cerimônia fosse realizada. O rei mandou chamar os melhores caçadores da cidade.
O primeiro tinha vinte flechas. Ele lançou todas elas, mas nenhuma acertou o grande pássaro. Então o rei aborreceu-se, mas mandou-o embora.
Um segundo caçador se apresentou, este com quarenta flechas; o fato repetiu-se novamente e o rei mandou prende-lo.
Bem próximo dali vivia ODÉ, um jovem que costumava caçar à noite, antes do sol nascer; ele usava apenas uma flecha vermelha.
O rei mandou chamá-lo para dar fim ao pássaro.
Sabendo da punição imposta aos outros caçadores, a mãe de ODÉ, temendo pela vida do filho, consultou um babalaô e os obis mostraram que, se fosse feita uma oferenda para as feiticeiras, ele teria sucesso. A oferenda consistia em sacrificar uma galinha. Nesse exato momento, ODÉ deveria atirar sua única flecha.
E assim o fez, acertando o pássaro bem no peito. O rei, agradecido pelo feito, deu ao caçador metade de sua riqueza e a cidade de Keto, “terra dos panos vermelhos”, onde ODÉ governou até a sua morte, tornando-se depois um Orixá.



GRANDE PÁSSARO

Em tempos distantes, Oduduá, Obà de Ifé, diante do seu Palácio Real, chefiava o seu povo na festa da colheita dos inhames. Naquele ano a colheita havia sido farta, e todos em homenagem, deram uma grande festa comemorando o acontecido, comendo inhame e bebendo vinho de palma em grande fartura.
De repente, um grande pássaro, (èlèye), pousou sobre o Palácio, lançando os seus gritos malignos, e lançando fardas de fogo, com intenção de destruir tudo que por ali existia, pelo fato de não terem oferecido uma parte da colheita as Àjès (feiticeira, portadoras do pássaro), personificando seus poderes atravez de Ìyamì Òsóróngà.
Todos se encheram de pavor, prevendo desgraças e catástrofes.
O Oba então mandou buscar Osotadotá, o caçador das 50 flechas, em Ilarê, que, arrogante e cheio de si, errou todas as suas investidas, desperdiçando suas 50 flechas.
Chamou desta vez, das terras de Moré, Osotogi, com suas 40 flechas. Embriagado, o guerreiro também desperdiçou todas suas investidas contra o grande pássaro.
Ainda foi, convidado para grande façanha de matar o pássaro, das distantes terras de Idô, Osotogum, o guardião das 20 flechas.
Fanfarrão, apesar da sua grande fama e destreza, atirou em vão 20 flechas, contra o pássaro encantado e nada aconteceu.
Por fim, já com todos sem esperança, resolveram convocar da cidade de Ireman, Òsotokànsosó, caçador de apenas uma flecha.
Sua mãe Iemanjá, sabia que as èlèye viviam em cólera, e nada poderia ser feito para apaziguar sua fúria a não ser uma oferenda, vez que três dos melhores caçadores falharam em suas tentativas.
Iemanjá foi consultar os Babalaô. Ele disse que faça oferendas.
Eles dizem que deve Iemanjá preparar ekùjébú (grão muito duro) naquele dia. Eles dizem que tenha também um frango òpìpì (frango com as plumas crespas). Eles dizem que tenha èkó (massa de milho envolta em folhas de bananeira).
Eles dizem que Iemanjá tenha seis kauris.
Iemanjá faz então assim, pediram ainda que, oferecesse colocando sobre o peito de um pássaro sacrificado em intenção. Eles dizem que ofereça em uma estrada, dizem que recite o seguinte: “Que o peito da ave receba esta oferenda”.
Neste exato momento, o seu filho disparava sua única flecha em direção ao pássaro, esse abria sua guarda recebendo a oferenda ofertada por Iemanjá, recebendo também a flecha certeira e mortal de Òsotokànsosó.
Todos após tal ato, começaram a dançar e gritar de alegria: “òsóòsì! òsóòsì!” (caçador do povo).
A partir desse dia todos conheceram o maior guerreiro de todas as terras, foi referenciado com honras e carrega seu título até hoje.





PERDIDO

Estava ODÉ o rei da caça a caminhar por um lindo bosque em companhia de sua amada esposa Oxum, dona da beleza da riqueza e portadora dos segredos da maternidade.
Quando de seu passeio, foi avistado por Oxum um lindo menino que estava a beira do caminho a chorar, encontrando-se perdido, Oxum de pronto agrado, acolheu e amparou o garoto, onde surgiu nesse exato momento uma grande identificação, entre ele, Oxum e ODÉ.
Durante muitos anos Oxum e ODÉ , cuidaram e protegeram-lhe, sendo que, Oxum procurou durante todo esse tempo a mãe do menino, porém sem sucesso, resolveu te-lo como próprio filho.


O tempo foi passando e ODÉ, vestiu o menino com roupas de caça e ornamentou-o com pele de animais, proveniente de suas caçadas. Ensinou a arte da caça, de como manejar e empunhar o arco e a flecha, ensinou os princípios da confraternidade para com as pessoas e o dom do plantio e da colheita, ensinou a ser audaz e a ter paciência, a arte e a leveza, a astúcia e a destreza, provenientes de um verdadeiro caçador.
Oxum por sua vez, ensinou ao garoto o dom da beleza, o dom da elegância e da vaidade, ensinou a arte da feitiçaria, o poder da sedução, a viver e sobreviver sobre o mundo das águas doces, ensinou seus segredos e mistérios.
Foi batizado por sua mãe e por seu pai de Logunedé, o príncipe das matas e o caçador sobre as águas.

Viveu durante anos sobre a proteção de pai e mãe, tornando-se um só, aprendendo a ser homem, justo e bondoso, herdando a riqueza de Oxum e a fartura de ODÉ, adquirindo princípios de um e princípios de outro, tornando-se herdeiro até nos dias de hoje de tudo que seu pai ODÉ carrega e sua mãe Oxum leva.





QUEBRA DE REGRA

ODÉ, conta que numa de suas inúmeras caçadas, sem que tivesse consultado antes Ifá, encontrou uma cobra no mato Oxumarê.
Ela lhe diz que não pode ser morta por ele, pois não é um bicho de penas, ele pouco se importou com o aviso, e matou-a com a lança, cortando-a em diversos pedaços e levando para casa para ele mesmo preparar um guisado, com o qual se refastelou.
No dia seguinte, Oxum Demun, sua esposa, prevendo muitas catástrofes, por causa da quebra de tantos tabus, encontra ODÉ, deitado no chão morto e rastros de cobra que iam em direção a floresta.
Oxum chorou tanto e tão alto que Ifá, condoído pela sua dor, fez ODÉ, o caçador, renascer sob a forma divina de Oxóssi.






SOFRIMENTO

ODÉ grande caçador entrou na mata com seu filho, Logunedé, ensinando-lhe a arte de caçar e manejar o arco e a flecha.
Após inúmeras caçadas, Logunedé sentou-se embaixo de uma árvore para descansar.
Nessa árvore pousou um pássaro e ODÉ preparou sua arma e atirou.
Acertou em cheio pássaro e, também, uma colméia de abelhas.
Elas foram cair justamente sobre a cabeça de Logunede, que sem ter como se defender foi picado. ODÉ vendo o desespero do filho correu a acudi-lo, sendo mordidas várias vezes.
Conseguindo fugir, deitou seu filho em folhas frescas e, sem saber o que fazer pôs-se a chorar.
Eis que o Òrixá Omolú vendo aquilo, parou e apiedou-se do estado de Logunedé, pois, a criança estava morrendo. Omolú tirou de sua capanga água de cana e gengibre, pilou e aplicou sobre os ferimentos, aliviando as dores.
Após isto, fez o mesmo com ODÉ, curando-o completamente.
ODÉ então lhe disse: Senhor dos aflitos ponho o meu reino a seus pés e toda a minha caça que daqui por diante eu conseguir, comeremos juntos.
Omolú agradeceu e seguiu seu caminho.
Então ODÉ jurou que nunca mais comeria o mel, pois, o mel o faria lembrar todo o sofrimento seu e de seu filho.






SUPLICA DE MÃE

Um dia ODÉ estava em casa com sua esposa Òtin, aí pela parte da manhã, ODÉ apanhou suas armas, e ia saindo para caçar. Òtin muito dedicada as obrigações, lembrou a ODÉ que não deveria sair para caçar, posto que naquele dia era Dia de Ossé de Ifá.
ODÉ sem responder nada, ficou quieto por alguns minutos e depois disse-lhe que iria dar uma volta no mato e voltaria logo.
Òtin vendo que ODÉ ia desobedecer as prescrições da obrigação, fez novamente a observação dizendo-lhe que não deveria ir caçar. ODÉ não se importou com a segunda recomendação e saiu para caçar.
Andou o dia inteiro, de um lado para outro e nada encontrou de caça que pudesse satisfazer o seu desejo de caçador.
Já mais tarde, quando já estava pensando em regressar, viu uma enorme cobra na margem de um riacho, enrodilhada, e percebeu que a cobra não parava de cantar.
Ficou observando por uns minutos a mesma e achou muito estranho, apontou-lhe seu arco e flecha; verificou desde logo que tinha matado a dita cobra, mas que, a mesma, continuava cantando.

Assim mesmo, colocou-a em sacola, saindo em direção de sua casa e o bicho continuava cantando. Ao chegar em casa não encontrou Òtin, foi para cozinha, preparou a cobra, moendo em uma máquina de moer carnes, mesmo assim a cobra não parava de cantar. Depois de preparada, fritou em uma panela e, depois de pronta começou a saboreá-la, mas a cobra não parava de cantar, dando-lhe um aviso. Terminou de comê-la e o bicho, assim mesmo, continuava cantando em sua barriga.
Ele, não respeitou a Obrigação de Ifá e, nem o pedido de sua mulher. Como castigo; deu-lhe sono e deitou-se para dormir até que a Òtin chegasse. Só que, não acordou mais e quando a Òtin chegou vendo a porta fechada, arrombou-a e verificou que ODÉ estava morto.
Òtin, apavorada, solicitou ajuda de sua mãe, Iemanjá. Colocou ODÉ, em suas costas e partiu ligeiro para procurar Ifá.
Chegando na casa de Ifá, Òtin e Iemanjá, realizaram uma súplica veemente à Ifá, pedindo, que o mesmo, salvasse ODÉ. Então, Ifá atendendo o pedido das duas, colocou suas mãos sobre ODÉ; enquanto que Òtin e Iemanjá foram para o pátio chorando.
Quando Òtin retornou, ODÉ estava ressuscitado, mas com uma proibição de não sair dali para qualquer lugar. Após sete anos, ODÉ se recupera e volta à sua plenitude e sendo autorizado a voltar à vida, recebendo um castigo, sendo à condição de não ser mais “Odé” passando a se chamar de “Òsóòsì.
Para Iemanjá, Ela sempre continuou cultivar o nome de ODÉ. É só observarmos em um Ebó, quando uma Iemanjá carrega em uma bandeja a cabeça de um porco, que seria a cabeça de seu filho, realizando uma súplica, demonstrando que ainda existe seu filho ODÉ, só que com outro nome, ou seja, Òsóòsì.



TEIMOSIA

Havia uma grande fome e faltava comida na Terra. Então Obatalá enviou ODÉ para que ele caçasse e provesse o sustento de todos os que estavam sem comida.
ODÉ caçou tanto, mas tanto, que ficou obsessivo: ele queria matar e destruir tudo o que encontrasse.
Obatalá pediu-lhe que parasse de caçar, mas ODÉ desobedeceu.
ODÉ continuou caçando. Um dia encontrou uma ave branca, um pombo.
Sem se importar que os animais brancos são de Obatalá, ODÉ matou o pombo.
Obatalá voltou a pedir que ele não caçasse mais, porém ODÉ continuou caçando.
Uma noite ODÉ encontrou um veado e atirou nele muitas flechas.
Mas as flechas não lhe causavam nenhum dano.
ODÉ aproximou-se mais e flechou a cabeça do animal. Nesse momento, o veado se iluminou.
Era Obatalá disfarçado, ali, todo flechado por ODÉ.
ODÉ não conseguiu caçar nunca mais.
Profundo foi seu desgosto.




TRÊS ANOS APÓS

Conta-se que Iemanjá fora alertada por um babalaô para não deixar ODÉ ir para o mato, pois poderia se perder e ter conseqüências desastrosas.
Iemanjá alertou ODÉ; teimoso não deu ouvidos.
Como avisara o babalaô, ODÉ se perdeu e foi recolhido por Ossaim, que se afeiçoou a ODÉ, vestindo-o de penas e deu-lhe arco e flecha e ensinou-lhe o manejo.
Iemanjá quando sentiu falta do filho, começou a procurar com a colaboração de Ogum.
ODÉ foi encontrado três anos após, por Ogum mas não queria retornar, pois apaixonara-se por Ossaim, e , quando voltou continuou a usar arco e flecha.



TROCA DE CONHECIMENTO

Orunmila e seus seguidores chegaram as portas de uma cidade murada, quando estava se fechando. Era cidade criada por ODÉ para abrigar os Adodis e Alacuatás.
Foram até o palácio do rei, onde mulheres soldado acendiam tochas.
Foram conduzidos até os aposentos onde estava Obatalá, muito doente cercado de seus filhos.
Orunmilá pediu que todos saíssem e examinou Obatalá.
Orunmilá salvou Obatalá obtendo as graças do ODÉ que era rei.
Orunmilá. Permaneceu por muitos dias no reino, maravilhado com a organização.
Orunmilá ensinou parte dos segredos que conhecia de medicina a ODÉ.
No último dia ODÉ ofereceu grande banquete e Orunmilá agradecido abençou os Adodis e Alacuatás.




VACILO FATAL

O rei Odudua, nesse dia, fazia questão de desfilar com suas mulheres e ministros, distribuindo simpatia no meio do povo. A festa corria bem, com os ifelenses comendo inhame de manhã, de tarde e de noite, bebendo vinho de palma, porém as feiticeiras Iyá-mi, donas dos terríveis pássaros noturnos, chateadas porque não foram convidadas para a festa, resolveram acabar com o festival e enviaram para Ifé uma ave gigantesca e aterradora, que pousou na torre do palácio, promovendo a maior tragédia de que se teve notícia na Nigéria.
Chamaram o destemido Oxó Togum, o caçador de vinte flechas, para matar o pássaro; errou todas, escapou de ser devorado pelo pássaro, mas foi direto para o calabouço durante muitos anos.
Chamaram então Oxó Togi, o caçador de quarenta flechas, mas não conseguiu acertar o temível pássaro e teve o mesmo destino de Oxó Togum; trouxeram Oxó Todotá, o caçador de cinqüenta flechas, que tremeu nas bases e teve o mesmo fim dos seus colegas caçadores.
O rei, desesperado, não viu mais nenhum caçador famoso para chamar. Então o mensageiro da corte se lembrou de Oxó Tocanxoxô, o caçador pobre, que só tinha uma flecha. Rei e súditos riram, incrédulos. Mas era a última esperança do rei Odudua. Oxó Tocanxoxô desafiou:
Que me cortem aos pedaços se eu não matar esse comedor de inhame gigante!
Oxó Tocanxoxô era filho único e a sua mãe não queria perdê-lo assim, sem mais nem menos. Se não matasse o pássaro, seria esquartejado. Consultou um feiticeiro famoso, que a aconselhou a fazer uma oferenda, única maneira de seu filho se salvar e se tornar rico. Ela cumpriu fielmente o ritual: em uma encruzilhada, ofereceu uma galinha com o peito aberto às Iyá-mi e gritou “que o peito do pássaro receba esta oferenda!”. O pássaro, enjoado de comer inhame, ao receber a oferenda, abriu as asas e disse “oba!”, vacilando e desguarnecendo o peito. O caçador de uma flecha só aproveitou a oportunidade para acertar o seu coração.
E o povo feliz, liberto do terror, ovacionou seu herói, gritando “Oxó Ussi!, Oxó Ussi”, que, com o passar do tempo, foi simplificado para Oxossi, traduzindo para o Português, significa “Guardião do povo”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário