



Iyami Oxorongá
ALEGRIA
Orunmilá foi decretado pela divinação pública a ser o único capaz de cativar as mulheres.
Assim que ele foi abordado para a tarefa, fez os sacrifícios necessários e ao invés de ir ao ilu Omuo, com um exército, ele foi com um cortejo dançante o qual adentrou reto para dentro da cidade.
Quando as mulheres viram o longo cortejo de homens maravilhosamente vestidos e mulheres dançando na cidade com melodiosa música, elas perceberam que era momento de voltar para a casa de Ifé.
Antes de elas compreenderem o que estava acontecendo, eles já estavam todos de volta a Ifé e havia reconciliação e júbilo geral.
ALVORADA
Foi dado a feiticeiras o poder exclusivo de manter vigia sempre que Olorum estivesse tomando seu banho pouco antes do galo cantar.
Era proibido ver Olorum tomando banho ou despido.
As feiticeiras divinas eram as únicas a quem foi dada esta autoridade.
Elas frequentemente davam sinal ao galo, avisando que Olorum já tinha tomado seu banho, depois disso o galo cantava pela primeira vez na manhã.
Olorum não abandona o restante da sua criação à mercê das anciãs da noite.
A PRIMEIRA MÃE
Quando Olorum mandou criar o aié enviou como seus emissários: Ogun, Oxalá e Oduduá.
Destes três, Oduduá era a única mulher.
Á Ogum, Olorum deu a ele a espada para abrir qualquer caminho, qualquer possibilidade para atingir o que se desejasse.
Conferiu a ele o poder da sobrevivência e do progresso.
Á Oxalá conferiu o poder da criação e o saco da criação de onde tiraria o que desejasse, tinha o poder do axé a força de realização.
Oduduá, preocupada com a sua posição diante dos irmãos, voltou e foi suplicar com o pai:
Olórum meu pai, conferiste a maior parte dos poderes aos meus irmãos, e ambos são homens, ficarei eu eternamente subjugada a eles que dos três sou a mais frágil?
E Olórum respondeu: minha querida filha, voltastes para vir ter comigo, ao seu sinal de confiança em meu amor, dar-te-ei o maior de todos os poderes.
Deu à Oduduá o famoso pássaro de Olórum, aragamago.
Oduduá espantou-se com tão generosa oferta, pois era todo o poder da vida, era a força do axé, sem ele, nada se faria, nada se cumpriria, e completou Olórum: tens o poder do pássaro, tudo que Ogum e Oxalá quiserem fazer no aié, terão de vir até você, sem o seu consentimento, nada se realizará.
Fica então decretado que tudo o que o homem quiser realizar deverá ter o apoio da mulher.
E então indagou-a: Odudua, como usarás este formidável poder?..., e ela respondeu: : aquele que me reverenciar e me pedir uma dádiva, eu dá-la-ei. Mas se esquecer-se de mim, ou demonstrar ingratidão, eu retirarei. Se me pedir um filho, ou dinheiro, eu dar-lhe-ei, mas se esquecer-se de mim, e minha lei não seguir, eu o tomarei de volta.
E assim Olórum disse-lhe:está concedido a ti o poder minha filha, mas use-o com sabedoria, se abusares de seu poder, ficarás sem ele.
Assim Oduduá retirou-se da presença de Olórum e retornou ao aié, como a mais poderosa dos três e tornou-se a primeira iyá mi agbá , nossa primeira mãe ancestral.
CONTROLADOR
Iyami é muito astuciosa; para justificar sua cólera, ela institui proibições.
Não as dá a conhecer voluntariamente, pois assim poderá alegar que os homens as transgridem e poderá punir com rigor, mesmo que as proibições não sejam violadas.
Iyami fica ofendida se alguém leva uma vida muito virtuosa, se alguém é muito feliz nos negócios e junta uma fortuna honesta, se uma pessoa é por demais bela ou agradável, se goza de muito boa saúde, se tem muitos filhos, e se essa pessoa não pensa em acalmar os sentimentos de ciúme dela com oferendas em segredo.
É preciso muito cuidado com elas.
E só Orunmilá consegue acalmá-la.
CRIADORAS DE DOENÇAS
As Eleyes chegam à terra e pousam sobre sete árvores:
orógbó, àjánrèré, ìrókò, oro, ògún bèrèke, arere e opé ségiségi, porém é nesta última que conseguem firmar sua residência.
É ai que constroem um quarto, um pátio nos fundo e fazem um montículo de terra no lugar onde se reúnem.
Ao se unirem promovem toda espécie de doenças:
... trazem dores de barriga para as crianças.
Trazem doenças para as crianças.
Arrancam os intestinos das pessoas.
Arrancam os pulmões das pessoas.
Bebem o sangue das pessoas.
Dão dores de cabeça aos filhos de um outro.
Dão doenças aos filhos de um outro.
Dão reumatismo aos filhos de um outro.
Dão dores de cabeça, febre, dor de estômago, aos filhos de um outro.
Fazem sair a gravidez do ventre daquela que está grávida.
Trazem para fora o feto daquela que não é estéril.
Não deixam que uma mulher fique grávida.
Aquela que está grávida elas não deixam parir.
DESFEITA
Bará, mensageiro dos orixás, correu para avisar Oxum que o grande orixá fun-fun estava a caminho de sua cidade.
Era preciso organizar uma grande recepção, pois a visita era muito importante para todos. Ela, então, apressou-se com os preparativos da festa, ordenando a limpeza de todas as casas e lugares públicos da aldeia, bem como que os enfeites utilizados fossem da cor branca.
Oxum cuidou pessoalmente da ornamentação e limpeza de seu palácio, pois tudo tinha que estar perfeito, à altura de Oxalá.
Com tantos afazeres importantes, em tão curto espaço de tempo, Oxun não se lembrou de convidar as Iya-mi para a grande festa.
As feiticeiras não perdoaram essa desfeita.
Sentindo-se muito desprestigiadas, resolveram desmoralizar Oxum perante os convidados.
No dia da chegada de Oxalá à cidade, Oxorongá entrou disfarçada no palácio para colocar, no assento do trono da Oxum, um preparado mágico, que não fora notado por ninguém.
Toda a cidade estava impecavelmente limpa e ornamentada. O palácio de Oxum, que fora caprichosamente preparado, tinha seus móveis e utensílios cobertos por tecidos de uma alvura imaculada.
Branca também seria a cor das roupas utilizadas na cerimônia.
Oxalá finalmente chegou, sendo respeitosamente reverenciado numa grande demonstração de fé e admiração ao grande mensageiro da paz.
Oxum, sentada em seu trono, esperava com impaciência a entrada de Oxalá em seu palácio, quando iria oferecer-lhe seu próprio assento. Mas, ao tentar levantar-se, percebeu que estava presa em sua cadeira e, por mais força que fizesse, não conseguia soltar-se.
O esforço que empreendeu foi tão grande, que, mesmo ferida, conseguiu ficar em pé, mas uma poça de sangue havia manchado suas roupas e também sua cadeira.
Quando Oxalá viu aquele sangue vermelho no trono em que se sentaria, ficou tão contrariado, que saiu imediatamente do recinto, sentindo-se muito ofendido.
Oxum, envergonhada com o acontecido, não conseguia entender porque havia ficado presa em sua própria cadeira, uma vez que ela mesma tinha cuidado de todos os preparativos.
Escondendo-se de todos, foi consultar o oráculo de Ifá para obter um conselho.
O jogo, então, lhe revelou que Oxorongá havia colocado feitiço em seu assento, por não ter sido convidada.
Bará, a pedido de Oxum, foi em busca do grande pai, para relatar-lhe o ocorrido.
Oxalá retornou ao palácio, onde a grande mãe das águas estava sentada de cabeça baixa, muito constrangida. Quando ela o viu, começou a abanar seu abebe, transformando o sangue de suas roupas em penas vermelhas, que, ao voar, caíram sobre a cabeça de todos os que ali estavam, inclusive a de Oxalá.
Em reconhecimento ao esforço que ela empreendeu para homenageá-lo, ele aceitou aquela pena vermelha, prostrando-se à sua frente, em sinal de agradecimento.
DEZ CONTRA UM
A feiticeira tomou conta muito bem dos dez filhos da mortal e nada aconteceu a nenhum deles. Então foi a vez da feiticeira ir ao mercado.
Seu nome era Iyami Oxoronga .
Tendo ela partido para o mercado, também pediu para sua irmã, para cuidar de seu único filho durante sua ausência.
Enquanto ela estava fora, as dez crianças da mortal sentiram vontade de matar um passarinho para comerem.
OgbOrí falou a suas crianças que se eles quisessem a carne de um passarinho, ela iria ao mato buscar um para comerem, mas que eles não deveriam tocar no único filho da feiticeira.
Enquanto a mãe foi ao mato, suas dez crianças juntaram-se e mataram o único filho da feiticeira e assaram sua carne para comer. À medida que as dez crianças de Ogborí assassinaram do filho da feiticeira, o poder sobrenatural deu a ela um sinal de que nada estava bem em casa.
Ela rapidamente abandonou as compras no mercado e retornou para casa apenas para descobrir que seu filho tinha sido assassinado.
Ela não conseguia compreender nada, porque sua irmã foi ao mercado e ela foi bem sucedida cuidando das dez crianças sem nenhum transtorno, mas quando foi sua vez de ir ao mercado, sua irmã negligenciou seu único filho. Ela chorou amargamente e decidiu abandonar a casa aonde viveu com sua irmã.
Elas tinham um irmão com o qual elas vieram ao mundo ao mesmo tempo, mas que preferiu morar no meio da floresta, porque ele não desejava ser incomodado por ninguém.
Era Iroko.
Quando Iroco ouviu a feiticeira chorando, ele a convenceu a revelar o que estava acontecendo, e ela lhe contou como os filhos de sua irmã OgbOrí assassinaram o seu único filho, sem sua mãe ser capaz de impedi-los.
Iroko consolou-a e lhe garantiu que a partir daí ele se alimentariam dos filhos de Ogborí. Foi a partir daí que, com o auxílio de iroko, a feiticeira começou a picar as crianças de OgbOrí uma após as outras.
ESTRATÉGIA
Havia uma linda moça no palácio de Olorum que estava pronta para casar.
Ogum, Osaim e Orumilá estavam interessados na garota.
Olorum consentiu em dar a mão da moça em casamento ao admirador que provasse ser merecedor de sua mão.
A tarefa a ser cumprida como prova de elegibilidade para a mão da moça era colher um tubérculo de Inhame da fazenda divina sem quebrá-lo.
Ogum foi o primeiro voluntário a realizar a tarefa.
Ele foi à fazenda e desenraizou o tubérculo.
Tão logo ele o puxou, quebrou-se, o que logicamente descartava a sua candidatura.
Ossaim foi o próximo a tentar sua sorte e também passou pela mesma experiência.
Foi à vez de Orunmilá ir até a fazenda. Mas ele não se direcionou diretamente para a fazenda. Ele decidiu descobrir porque aqueles que tentaram antes dele falharam e o que fazer para ser bem sucedido. Ele consultou o oráculo e durante a consulta foi informado do que era desconhecido a todos, Olorum tinha nomeado as anciãs da noite para zelar pela fazenda. Eram elas portanto, as responsáveis pelos inhames mágicos arrancados quebrarem.
Ele foi recomendado a fazer um banquete para elas com akará e todos os itens de coisas comestíveis, e um grande coelho, e também para servir o banquete na fazenda à noite.
De acordo ele executou o sacrifício de noite. Naquela noite todas as guardiãs da fazenda divina banquetearam-se com a comida. Na mesma noite, Orunmìlá teve um sonho no qual as feiticeiras enviaram alguém para lhe dizer para não ir a fazenda no dia seguinte.
Ele deveria ir um dia depois. No dia seguinte elas fizeram a chuva cair pesadamente sobre o solo a fim de amolecê-lo.
Depois disto todas as feiticeiras fizeram um juramento solene de não encantar o inhame de Orunmilá a quebrar.
O terceiro dia, Orunmilá foi à fazenda e arrancou o inhame com sucesso e o entregou a OlorumDeus, que instantaneamente cedeu a garota para ele em casamento.
HERANÇA
Iyami, divindade decaída, nossa mãe chamada Oduduá quando vem ao mundo com poder sobre os orixás simbolizado por eye ela se torna eleye, proprietária do poder do pássaro.
Recebe também uma cabaça ,imagem do mundo e repositório de seu poderio.
Tendo abusado desse poder perde a cabaça para Oxalá, seu companheiro masculino que veio ao mundo ao mesmo tempo em que ela. Ele exercerá o poder, mas ela conservará o controle. Iá Mi também é o poder atribuído às mulheres velhas ou moças muito jovens que o teriam recebido como herança de sua mãe ou de uma de suas avós. Qualquer mulher pode conseguir esse poder, voluntariamente ou sem que o saiba, após um trabalho feito por uma Iá Mi, que queira fazer sua própria seita.
LADAINHA
As pessoas perseguidas pela fúria das eleyes foram procurar a ajuda dos filhos de Orunmilá.
Eles sabiam que deveriam chamá-las com uma voz bem triste e entregar o sacrifício sobre o montículo de terra onde se reuniam, eles teriam de chamá-las cantando com uma voz bem triste:
Mãezinha vós conheceis minha voz.
Ìyàmi Òsóròngà, vós conheceis minha voz.
Ìyàmi Òsóròngà, toda coisa que eu disser,
A folha ogbo disse que vós certamente compreendereis.
Ìyàmi Òsóròngà, vós conheceis minha voz.
Ìyàmi Òsóròngà, a cabaça diz que vós ides agarrar.
Ìyàmi Òsóròngà, vós conheceis minha voz.
Ìyàmi Òsóròngà, a palavra que o rato òkété disse à terra,
a terra certamente a compreende.
Íyàmi Òsóròngà, vós conheceis minha voz.
Ìyàmi, todas as coisas que eu disser vós fareis.
Ìyàmi Òsóròngà, vós conheceis minha voz.
OBDIÊNCIA
Frequentemente denominada eleyé, dona do pássaro. O pássaro é o poder da feiticeira; é recebendo-o que ela se torna ajé. É ao mesmo tempo o espírito e o pássaro que vão fazer os trabalhos maléficos. Durante as expedições do pássaro, o corpo da feiticeira permanece em casa, inerte na cama até o momento do retorno da ave. Para combater uma ajé, bastaria, ao que se diz, esfregar pimenta vermelha no corpo deitado e indefeso.
Quando o espírito voltasse não poderia mais ocupar o corpo maculado por seu interdito.
Iyami possui uma cabaça e um pássaro.
A coruja é um de seus pássaros. É este pássaro quem leva os feitiços até seus destinos. Ele é pássaro bonito e elegante, pousa suavemente nos tetos das casas, e é silencioso.
Se ela diz que é pra matar, eles matam, se ela diz pra levar os intestinos de alguém, levarão.
Ela envia pesadelos, fraqueza nos corpos, doenças, dor de barriga, levam embora os olhos e os pulmões das pessoas, dá dores de cabeça e febre, não deixa que as mulheres engravidem e não deixa as grávidas darem à luz.
As Iyami costumam se reunir e beber juntas o sangue de suas vítimas.
Toda Iyami deve levar uma vítima ou o sangue de uma pessoa à reunião das feiticeiras. Mas elas têm seus protegidos, e uma Iyami não pode atacar os protegidos de outra Iyami.
Iyami Oshorongá está sempre encolerizada e sempre pronta a desencadear sua ira contra os seres humanos. Está sempre irritada, seja ou não maltratada, esteja em companhia numerosa ou solitária, quer se fale bem ou mal dela, ou até mesmo que não se fale, deixando-a assim num esquecimento desprovido de glória. Tudo é pretexto para que Iyami se sinta ofendida.
OS OVOS
Olodumarê estava para dar origem ao universo, tinha num pote de barro com 4 ovos.
Com o 1º ovo deu origem primeiramente a Oxalá Obatalá, que surgiu na explosão da luz, sem forma, quando literalmente Deus disse haja luz, surgiu no mundo.
Com o 2º deu origem a Ogun, à forma.
Já com o 3º, deu origem à Obaluaiê e à estrutura.
O 4º ovo, acidentalmente, caiu de sua mão estourando no chão e revelando sua riqueza, originando assim a primeira mulher universal, chamada Ìyàmi-òsòróngà, assim, expôs o segredo de sua riqueza para o grande pai, mostrou seu poder de fertilidade e sobrenatural, expondo-os a olho nu diante do Deus Supremo, nascendo assim, a fonte mantenedora da vida.
OXUM ENGANA BARÁ
Oxum queria saber o segredo do jogo de búzios que pertencia a Bará e este não queria lhe revelar.
Ela então procura na floresta as feiticeiras, chamadas YAMI OXORONGÁ.
As feiticeiras perguntam a Oxum o que faz ali e ela lhes pede como enganar a Bará e conseguir o segredo do jogo de búzios.
As feiticeiras a muito querendo pregar uma peça a Bará, ensinaram toda a sorte de magias a Oxum, mas exigiram que ela lhes fizesse uma oferenda a cada feitiço realizado.
Oxum concordou e foi procurar Bará.
Ao chegar perto do reino de Bará, este desconfiado perguntou-lhe o que queria por ali, que ela deveria embora e que ele não a ensinaria nada. Ela então o desafia a descobrir o que tem entre os dedos.
Bará se abaixa para ver melhor e ela sopra sobre seus olhos um pó mágico que ao cair nos olhos de Bará o cega e arde muito.
Bará gritava de dor e dizia:
- Eu não enxergo nada, cadê meus búzios?
Oxum fingindo preocupação, respondia:
- Búzios? Quantos são eles?
- Dezesseis, respondeu Bará, esfregando os olhos.
- Ah! Achei um, é grande!
- É Okanran, me dê ele.
- Achei outro, é menorzinho!
- É Eta-Ogundá, passa pra cá…
E assim foi até que ela soube todos os segredos do jogo de búzios, Ifá o Orixá da adivinhação, pela coragem e inteligência da Oxum, resolveu-lhe dar também o poder do jogo e dividí-lo com Bará.
PÁSSARO DA MORTE
O Poder de Iya Mi reside na posse do pássaro, sendo o primeiro e mais poderoso o Aragamago de Oduduá, a Primeira Iya Mi, do qual descendem todos os outros pássaros que conferem poder e título às demais Iyá Mi.
Desta maneira, outro nome pelo qual as Iyá Mi são reverenciadas, e é o nome que se tem maior preferência em chamá-las, pois é o menos perigoso em invocação destas Arcanas Senhoras, seria de Eleyé, ou Senhoras Possuidoras de Pássaros. Porque toda a Iya Mi, para ser Iyá Mi, necessita ter um pássaro na cabaça, que é a Fonte de todo o seu Poder. Uma mulher que é iniciada na sociedade Geledé, sociedade das Iya Mi, ou das Iyá Ajé, Mães Feiticeiras, ganha após todos os atos de iniciação e promessa de segredo dos preceitos desta sociedade, uma cabaça, contendo dentro todo o poder do pássaro.
Cabaça esta que ela deverá esconder, e somente abrir quando quiser enviar o seu pássaro em uma missão.
A cabaça representa o ventre, e o pássaro, o poder gerador, ou destruidor.
PERIGO A NOITE
O poder de Iyá Mi está vinculado e mais fortalecido à noite, pois sua força nasceu no Odú Oyekú Meji, que governa a noite.
Está representado na coruja, que rasga à noite, carregando em si, a força temível de Iyá Mi Oxorongá.
Oxorongá que na África é um pássaro cujo o grito aterrador invoca as Iyá Mi.
Quando se depara com este pássaro, ou a coruja, a voar espalmado à noite se grita: fo,fo, fo! ...e cobre-se a cabeça, para que ela não pouse sobre ela e traga a morte, pois acredita-se que este pássaro pode carregar a morte ao voar à noite.
O poder das Iyá Mi também está associado às fogueiras, pois Iyá Mi desceu à terra através do Odú Osá, que rege o fogo noturno das fogueiras que iluminam as conferências das feiticeiras. Conferências estas que podem ser usadas para perseguir as pobres vítimas das ajé , que podem amaldiçoar e mandar seus pássaros a buscar o sangue e a vida de suas vítimas.
O poder de Iyá Mi pode ser terrível, pois é a senhora da vida, e também da morte. somente Orunmilá pode salvar as vítimas de Iyá Mi Ajé.
PODER , ViDA , CASTIGO
Oduduá foi a primeira iyá agbá, mas perdeu o seu poder devido aos abusos que cometeu.
Seu poder teve de se sujeitar à Oxalá, graças aos conselhos de Orunmilá.
Senão a existência estaria seriamente comprometida.
Assim, o poder feminino necessitaria de equilibrar-se com o poder masculino para que a criação seguisse seu caminho tranquilamente.
Orunmilá, o fiel escrivão de olórum, que também é o senhor da sabedoria e do oráculo, casou-se com Oduduá, irmã de Oxalá, e garantiu assim, através da fecundação de Oduduá, a garantia da existência.



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