



OLOFIN
CASTIGO
As codornas eram para agradar Olofin, deixando o orixá Odé fazendo papel de bobo.
Quando ele finalmente entregou uma codorna nas mãos do criador supremo, foi-lhe dito: faça um pedido e será concedido.
Odé armado com arco e flechas exclamou com raiva: eu quero que a seta passe pelo coração de quem roubou minhas codornas.
Em meio a um bosque de bambu escondia yemú, envergonhada pela indignação que seu filho havia cometido, Ogum. Das suas lágrimas nasceram os rios. Era ela com sua imensa bondade que tinha libertado as codornas, e que ela em segredo escondia do pai, Olofin.
A seta atravessou a vastidão do céu e foi direto ao seu coração.

Olofin ao vê-la cair abatida, imediatamente exclamou e disse: você matou a minha filha!
Confuso com o sucesso em reconhecer o autor de um crime terrível, o jovem Odé pensou: eu matei minha mãe, e rápido partiu correndo para um esconderijo.
Enquanto isso, o coração da mãe corria um riacho tão forte que os rios cresceram para os mares.
Odé correu por dias até que ele caiu exausto, rendeu-se ao mar.
Quando ele acordou, ele ouviu a voz de Iemanjá a dizer: você precisa de tempo para que as coisas se ajeitem. Enquanto isso, vá ver sua irmã Oxum que mora no rio e lá você irá se esconder.
Naquela época vivia com Oxum o orixá Odé Inlé que ensinou os segredos da pesca e da medicina para Odé.
Assim se passaram vários anos, até que um dia Odé procurou seu pai, curvou-se e pediu desculpas. Olofin declarou:
como punição por sua arrogância vai trabalhar sempre com seu irmão ogum. Tem algo a dizer?
Sim declarou Odé, eu só quero que graças a Iemajá e Oxum deixe-me usar um colar de azul e amarelo.
MÃE DE ORIXÁS
Em Ifé, ela tornou-se a esposa de Olofin, com o qual teve dez filhos.
Estas crianças receberam nomes simbólicos e todos se tornaram orixás.
De tanto amamentar seus filhos, os seios de Iemanjá tornaram-se imensos.
Cansada da sua estadia em Ifé,Iemanjá fugiu na direção do entardecer da terra, como os iorubas designam o Oeste, chegando a Abeokutá.
Ao norte de Abeokutá, vivia Okere, rei de Xaki.
Iemanjá continuava muito bonita.
Okere desejou-a e propôs-lhe casamento.

Iemanjá aceitou, mas, impondo uma condição, disse-lhe: Jamais você ridicularizará da imensidão dos meus seios.
Mas, um dia, ele bebeu vinho de palma em excesso voltou para casa bêbado e titubeante. Ele não sabia mais o que fazia.
Ele não sabia mais o que dizia.
Tropeçando em Iemanjá, esta chamou-o de bêbado e imprestável.
Okere, vexado, gritou: Você, com seus seios compridos e balançantes! Você, com seus seios grandes e trêmulos!
Iemanjá, ofendida, fugiu em disparada.
Antes do seu primeiro casamento, Iemanjá recebera de sua mãe, Olokum, uma garrafa contendo uma poção mágica, pois dissera-lhe esta.
Em caso de necessidade, quebre a garrafa, jogando-a no chão. Em sua fuga, Iemanjá tropeçou e caiu.
A garrafa quebrou-se e dela nasceu um rio.
As águas tumultuadas deste rio levaram Iemanjá em direção ao oceano, residência de sua mãe Olokum.
Okere, contrariado, queria impedir a fuga de sua mulher. Querendo barrar-lhe o caminho, ele transformou-se numa colina, chamada, ainda hoje, Okere, e colocou-se no seu caminho.
Iemanjá quis passar pela direita, Okere deslocou-se para a direita.
Iemanjá quis passar pela esquerda, Okere deslocou-se para a esquerda.
Iemanjá, vendo assim bloqueado seu caminho para a casa materna, chamou Xangô, o mais poderoso dos seus filhos.
Xangô veio com dignidade e seguro do seu poder.
Ele pediu uma oferenda de um carneiro e quatro galos, um prato de amalá, preparado com farinha de inhame, e um prato de obeguiri, feito com feijão e cebola. E declarou que, no dia seguinte, Iemanjá encontraria por onde passar. Nesse dia, Xangô desfez todos os nós que prendiam as amarras da chuva.
Começaram a aparecer nuvens dos lados da manhã e da tarde do dia.
Começaram a aparecer nuvens da direita e da esquerda do dia.
Quando todas elas estavam reunidas, chegou Xangô com seu raio.
Ouviu-se então: Kakara rá rá rá Ele havia lançado seu raio sobre a colina Okere.
Ela abriu-se em duas e Iemanjá foi-se para o mar de sua mãe Olokum. Aí ficou e recusa-se, desde então, a voltar em terra. Seus filhos chamam-na e saúdam-na: Odo Iyá, a Mãe do rio, ela não volta mais.
REVOLUÇÃO
A briga acabou por envolver os humanos, Eguns, Orixás, os animais.
No melhor da briga, chegou Bará.
Da maneira rápida e matreira tão própria dele, tirou do bolso um pó, misturou com terra e soprou na multidão.
Veio um temporal de vento, relâmpagos, trovões e chuva chamado adarrum, que ficou sendo o toque de guerra dos orixás.
Quando os orixás estão no Orun e escutam o Adarrum vem correndo para ver o que é que esta acontecendo na terra.
Naquele momento veio um raio e matou Akule, e todos acharam que foi uma armadilha.
Veio uma pedrada e matou Akile, e todos acharam que foi coisa feita.
Os Iwins ficaram devastados com essa guerra, que aniquilou os habitantes da terra.
Obatalá,chefe dos Iwins,foi falar com seu pai Olofin, senhor do infinito, e contou tudo que se passara e passava.

Olofin comoveu-se e mandou chamar a árvore Irocô, única sobrevivente da espécie, e fez Irocô crescer.
Quando chegou ao céu, Olofin lançou sobre ela uma nuvem branca, interrompendo o crescimento.
Olofin tirou um galho da árvore e entregou ao filho e disse que segurando aquele galho, feito um bastão, ele poderia voltar a terra.
Deu ao cajado o nome de opaxorô.



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